O União Brasil decidiu afastar Bivar da presidência do partido em reunião muito tumultuada no diretório do partido, em Brasília, nesta quarta-feira (20). Com a decisão, Antônio Rueda (PE) assume o comando da sigla
O presidente do União Brasil, Luciano Bivar foi afastado do cargo nesta quarta-feira (20), após uma reunião tensa na sede do partido, em Brasília. A decisão foi por 11 a 5. No início da deliberação, houve bate-boca e um enfrentamento entre Bivar, denunciado por ter feito supostas ameaças de morte contra o colega Antônio Rueda, e o atual secretário-geral da sigla, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto.
Bivar tentou declarar a suspeição de alguns dos integrantes da cúpula, o que os impediria de votar, mas sua iniciativa foi rejeitada. Os nomes eram do próprio Rueda, que apresentou denúncia à Justiça relatando ameaças; do deputado federal Pauderney Avelino (AM); do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite; do governador de Goiás, Ronaldo Caiado; ACM Neto; o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento; a tesoureira do União e irmã de Rueda, Maria Emília Rueda; e Cláudio Cavalcanti.
Contra Bivar há acusações de ameaça a Rueda e de seu envolvimento no incêndio que atingiu duas casas de praia da família do sucessor, no litoral sul de Pernambuco no último dia 10 — o parlamentar nega as acusações. Segundo a relatora do caso, Professora Dorinha (União-TO), diante “dos fatos públicos” relacionados ao caso e do fato de Bivar não ter negado “de forma categórica” as ameaças, seria necessário a destituição de Bivar da presidência, como medida cautelar. Ela se disse contrária, porém, à expulsão, já que essa punição poderá ser tomada ao fim do processo. A maioria seguiu a posição da senadora.
Gritaria
Nesta quarta-feira, o clima esquentou quando Bivar decidiu apresentar questão de ordem para o “impedimento” dos integrantes da Executiva, que estavam aptos a votar, por já terem proferido falas contra ele ou admitirem que buscam retirá-lo do comando da sigla. A intenção era excluí-los da deliberação para que suplentes aliados fossem convocados. ACM Neto, principal articulador da eleição de Rueda, reagiu quando Bivar afirmou que, como atual presidente da sigla, havia tomado decisão favorável à sua própria questão de ordem. “O senhor não vai ganhar no grito, presidente Bivar! E o senhor não vai considerar nenhum de nós impedidos”, disse ACM Neto, exaltado.
Após Bivar dizer que não aceitaria, aos gritos, essa posição, o ex-prefeito de Salvador continuou a falar. Bivar estava participando da reunião por meio de videoconferência, enquanto ACM Neto estava na sede do partido, em Brasília. “Não vai ganhar no grito! Isso aqui não é a sua casa. É um partido político respeitado. Peço que corte o microfone do presidente Bivar para que possamos continuar a reunião”, completou o adversário de Bivar. Neste momento, o microfone de Bivar foi cortado.
Em entrevista coletiva após a reunião, ACM Neto, apontou que a destituição da presidência seria, nesse momento, a medida mais adequada. “A expulsão, que pode acontecer ou não, seria uma pena mais apropriada depois que o processo ele fosse todo esgotado, com o direito à ampla defesa”, apontou. Com a decisão, Rueda, atual vice-presidente do partido e dirigente eleito para comandar a legenda a partir de junho, assume imediatamente o comando da sigla.
(Foto: Cristiano Mariz)