Inpe: desmatamento na Amazônia cai 21,8% em 2023, menor patamar desde 2018

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta quarta (8) o índice consolidado do Prodes para a Amazônia Legal e a taxa para o Pantanal, que também apresentou redução, em relação a 2022, de 9,2%

 

O desmatamento na Amazônia de agosto de 2022 a julho de 2023 teve uma redução de 21,8% comparado com o período anterior, com perda de vegetação nativa em área equivalente a 9.064 km². É o menor patamar desde 2018, quando foram perdidos 7.536 km² no bioma. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e fazem parte do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).

Uma divulgação inicial dos números do Prodes em novembro tinha apresentado queda de 22,3% no desmatamento no ano passado ante 2022. O número desta quarta-feira representa um ajuste. O período anual oficial é medido de agosto a julho, quando há menos nebulosidade, que poderia obscurecer as áreas de desmatamento nas imagens de satélite.

O levantamento consolidado do último ciclo de medição —feito sempre de agosto de um ano a julho do seguinte— ainda mostra redução de 9,2% do desmatamento no pantanal (723,13 km²) em comparação com o período anterior. Houve ainda queda de 6,6% nos dados sobre a área não florestal do bioma amazônico.

A divulgação dos números foi realizada em entrevista coletiva na sede do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília. De acordo com o governo, a maior queda ocorreu nos 70 municípios considerados prioritários para o combate ao desmatamento, com redução de 42% em comparação com o ano anterior.

Representantes da pasta da Ciência e do Ministério do Meio Ambiente decidiram ainda antecipar os dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que apresenta informações semanais sobre o desmatamento. Os números acumulados de agosto de 2023 a abril de 2024 mostram que a tendência de queda se manteve nos primeiros meses deste ano — com redução de 55% em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.

“É o menor desmatamento acumulado nesse período nos últimos dez anos, o que mostra que a queda é contínua e em ritmo ainda mais acelerado do que tivemos no primeiro semestre do ano passado”, disse André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) afirmou que a queda no desmatamento é resultado de uma série de ações adotadas pelo governo Lula (PT) desde 2023. Ela destacou que, para além do aumento da fiscalização, ações combinadas no alto escalão do Executivo têm sido relevantes para a redução. “É a combinação de instrumentos, ações de fiscalização, mas também as ações voltadas para os outros eixos do combate ao desmatamento, como instrumentos econômicos e creditícios, para que a gente possa fazer uma abordagem positiva”, disse a ministra.

Ela se referia ao veto de concessão de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para quem sofre com embargos por desmatamento ilegal. “[O Ibama] tem dado um sinal forte de que não há mais expectativa pela impunidade, pela conivência e cumplicidade de governantes com criminosos”, acrescentou Marina.

Marina Silva e a ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) criticaram o governo Jair Bolsonaro (PL), sem citá-lo, ao dizer que as políticas públicas baseadas nas ciências foram cruciais para reverter o cenário de alta no desmatamento. “Há um grande resultado em relação à Amazônia porque confirmamos o resultado de uma queda. E isso é fruto de ação de política pública com base em evidência, alocação de recursos e elaboração de estratégias”, disse Marina Silva.

(Foto: Michael Dantas/AFP)

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