Casas Bahia declara dívidas de R$ 4,1 bilhões e entra com pedido de recuperação extrajudicial

Com 1.078 lojas físicas, a empresa teve R$ 2,6 bilhões de prejuízo em 2023, cerca de oito vezes o número do ano anterior. O valor principal da dívida não será alterado, somente as condições para o pagamento com os principais credores. Prazo total para amortização da dívida passou de 22 para 72 meses

 

A Casas Bahia entrou com pedido de recuperação extrajudicial para dívidas que somam R$ 4,1 bilhões. O pedido já é pré-acordado com os principais credores, que detém 54,5% dos débitos e, portanto, deve ser aplicado também aos demais credores pulverizados, dentre eles, pessoas físicas. A Casas Bahia tem 1.078 lojas físicas. A empresa teve um prejuízo líquido de R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2023. Em 2023, o prejuízo somou R$ 2,6 bilhões, cerca de oito vezes o número do ano anterior.

Além de reduzir o custo do financiamento, o acordo prolongou o prazo de pagamento.  Antes dele, o custo com o pagamento de juros estava em CDI + 2,7% em um horizonte de 22 meses. Com o acordo, passou a CDI + 1,2% em 72 meses. Até 2027, a empresa teria que desembolsar R$ 4,8 bilhões. Após o acordo, terá que pagar R$ 500 milhões no mesmo prazo. Com isto, ficam preservados no caixa da companhia R$ 4,3 bilhões até 2027, sendo R$ 1,5 bilhão em 2024.

Com a negociação, os principais bancos credores – Bradesco e Banco do Brasil – poderão converter 63% dos valores que lhe são devidos em ações da varejista. O acordo inclui uma carência de 24 meses para pagamentos de juros e de 30 meses para pagamento de principal.

O Banco do Brasil, principal credor, possui em debêntures R$ 1,272 bilhão e o Bradesco R$ 953 milhões, o que representa 54,5% do total das emissões contempladas no plano. A recuperação extrajudicial, que tem perímetro restrito, inclui apenas dívidas financeiras sem garantias, como debêntures (títulos de dívida) e Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) emitidas junto aos bancos.

O CEO da Casas Bahia, Renato Franklin, afirmou ao Broadcast/Estadão que “todo mundo olhava e via que tínhamos pagamentos de juros todos os anos. Era R$ 1,5 bilhão este ano e quase R$ 1 bilhão nos próximos anos. Perguntavam: ‘Vocês conseguem gerar caixa para isso tudo?’. Por mais que o plano de reestruturação estivesse indo bem, iria ficar apertado. Iríamos trabalhar para pagar juros, diziam. Desse jeito, não. Ganhamos muita flexibilidade e caixa para eventuais volatilidades e, também, para aproveitar algumas oportunidades de mercado e nos prepararmos para a Black Friday, por exemplo”.

A recuperação extrajudicial é um caminho mais rápido do que uma recuperação pela via judicial. Além disso, como os dois bancos representam 54% dos credores, os demais detentores de débitos da empresa devem seguir as condições acordadas. “Estamos fazendo um acordo estrutural e definitivo para a companhia. Nessa negociação conseguimos não só as carências para juros e principal, mas um cronograma de amortização também bem mais diluído. Isso transforma o perfil de dívida da companhia”, encerrou Franklin.

(Foto: Luis Ushirobira/Valor)

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