PF mira secretário de governador e prende dentista com R$ 1,9 milhão

Muito antes de a Polícia Federal deflagrar uma operação com mandados de busca e apreensão expedidos contra o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB) – foto -, a investigação que apura um suposto esquema de compras de voto prendeu o dentista Eduardo Penha Ribeiro. Segundo os autos do processo, ao qual o GLOBO teve acesso, Ribeiro foi preso em flagrante por lavagem de dinheiro e corrupção eleitoral no dia 2 de outubro, com R$ 1,92 milhão em espécie.

No dia do flagrante, ele carregava uma bolsa de dinheiro e outras duas foram encontradas por agentes em seu carro. No interior desses sacos, havia uma lista com os nomes de diversos políticos, o que indicaria conexão com o financiamento de campanha em Duque de Caxias e São João de Meriti.

Além disso, entre 8 de agosto e 2 de outubro, ele realizou 67 saques que somaram R$ 14,3 milhões. Os valores levantaram suspeitas: oito foram de R$ 800 mil e nove de R$ 600 mil.

Além da grande quantidade de dinheiro, comprovantes de transferências bancárias com a empresa Centro de Imagem e Diagnóstico São Jorge LTDA foram identificados pelas autoridades, o que reforçou a teoria de que ele estaria lavando dinheiro a partir de supostos exames médicos.

Em 14 de novembro, a defesa de Eduardo Ribeiro conseguiu a conversão da prisão em flagrante para domiciliar sob o argumento de que ele seria portador de diabetes tipo 2 e, por isso, precisaria de acompanhamento médico. Atualmente, ele segue medidas cautelares como o monitoramento eletrônico e a apresentação periódica à polícia.

Nesta sexta-feira, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões em endereços de Washington Reis, seu irmão, Wilson Reis, e a vereadora e filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, Fernanda Costa. Em entrevista, Washington Reis disse estar tranquilo com a investigação que, segundo ele, não tem “nexo’:

Dinheiro apreendido na casa do assessor de candidato a prefeito da Baixada Fluminense — Foto: Divulgação

— Para mim essa operação não tem nexo. Fizeram um mandado, não sei para buscar o que. É um assunto totalmente desconexo. Adversários fizeram notícias. Nossa campanha foi feita dentro da lei, contas aprovadas, nada a temer — afirmou Washington Reis.

Os irmãos Reis já haviam sido alvo de uma operação da PF em julho deste ano, quando a corporação apurava a existência de uma associação criminosa responsável por inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), ambos do Ministério da Saúde.

Washington foi apontado como um dos beneficiários do suposto esquema. O nome dele consta no relatório da PF que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro; o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do secretário; e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, em março.

O secretário estadual de Transportes do Rio era prefeito de Duque Caxias, município da Baixada Fluminense, que serviu como base para a inserção de dados falsos nas cadernetas de vacinação de Bolsonaro, Cid e da família Reis. (Foto: O Globo)

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