Flamengo e BHenrique já sabiam de investigação sobre manipulação

Segundo o jornalista Diogo Dantas, de O Globo, a investigação sobre o possível envolvimento do atacante Bruno Henrique em manipulação de apostas era do conhecimento do Flamengo e do jogador antes da operação da Polícia Federal.

De acordo com texto do jornalista publicado no jornal, o jogador chegou a ser alvo de uma intimação nos últimos meses, entregue na sede do Flamengo. O departamento jurídico rubro-negro tomou pé do caso e acompanhou a situação.

Desde então, a direção do Flamengo analisa o caso com atenção. O clube chegou a lembrar na nota de hoje que havia uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, que foi arquivada.

Na manhã desta terça-feira, após a operação, o STJD publicou uma nota para explicar o andamento do caso no tribunal.

O lance suspeito de manipulação aconteceu no fim de 2023, em jogo contra o Santos, em que Bruno Henrique teria forçado o cartão amarelo por falta em Soteldo, e depois reclamou e foi expulso.

 

Confira a nota do STJD na íntegra:

“O Superior Tribunal de Justiça Desportiva recebeu comunicado da Diretoria de Ética e Conformidade da CONMEBOL, encaminhado pela Unidade de Integridade do Futebol Brasileiro em 02/08/2024, sobre a partida ocorrida em 01/11/2023 (nove meses antes) entre Flamengo RJ e Santos SP, com relato de comportamento atípico no cartão amarelo do atleta Bruno Henrique Pinto.

De imediato, a Procuradoria de Justiça Desportiva oficiou a empresa SPORTRADAR, parceira externa contratada pela FIFA para monitorar o campeonato objeto da suspeita de manipulação, inclusive com a realização de análise de inteligência. Em resposta, a SPORTRADAR apresentou relatório com a conclusão de que não identificou irregularidades no momento da partida.

Em análise desportiva do lance, a Procuradoria constatou que os fatos observados se coadunam com a realidade razoável da prática do futebol, considerando, notadamente, a ação do atleta no fato assinalado como falta, a intensidade da jogada, a reação do jogador após a marcação da infração e o minuto da partida em que a disputa de bola ocorreu. Entendeu-se que, na ótica desportiva, os fatos são compatíveis com os parâmetros usuais.

A Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador.

Por tais razões, diante da falta de elementos concretos, entendeu-se pelo arquivamento das peças de informação no âmbito da Justiça Desportiva naquele momento, sem prejuízo de ulterior processo disciplinar caso as autoridades de persecução reúnam acervo probatório com evidências conclusivas, com base nos poderes de investigação que lhe são conferidos.”

 

Respaldo mantido

A diretoria do Flamengo se mobilizou para acompanhar as investigações da Polícia Federal e dar suporte ao atacante Bruno Henrique desde as primeiras hora da manhã desta terça-feira.

O presidente Rodolfo Landim e os membros da diretoria de futebol acompanham o caso de perto, no Ninho do Urubu, e dão respaldo ao jogador. Não há risco de rescisão contratual neste momento.

Segundo informações, a investigação em curso não levará a nenhuma medida do Flamengo em relação a Bruno Henrique, que terá a inocência presumida.

A direção espera que Bruno Henrique tenha tranquilidade para exercer a sua profissão durante esse processo de apuração e não vai afastá-lo das atividades.

O atacante, inclusive, treina normalmente e está relacionado para o jogo contra o Cruzeiro, pelo Brasileiro, nesta quarta-feira.

 

Como surgiu a investigação

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recebeu a acusação por meio da área de monitoramento, após análise do lance de Bruno Henrique e a confirmação de que havia fundamento para formalizar a denúncia. Em seguida, o caso foi encaminhado para autoridades esportivas e públicas, como o Ministério Público e a Polícia Federal. A CBF não realiza a identificação dos fatos; essa responsabilidade cabe às empresas contratadas para o monitoramento.

A investigação teve início após uma comunicação da Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e da Sportradar, responsáveis por análise de risco, indicaram suspeitas de manipulação no mercado de cartões durante uma partida do Campeonato Brasileiro.

Ciente que o jogador receberia ao menos um cartão, seu irmão, cunhada e prima criaram contas em casas de apostas online na véspera da partida e realizaram palpites. No decorrer da investigação, dados das casas de apostas, fornecidos por representantes legais da Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), mostraram que as apostas foram realizadas por familiares do jogador, além de outro grupo que ainda está sob investigação. Durante o jogo, o atleta de fato recebeu um cartão, configurando, em tese, crime contra a incerteza do resultado esportivo, tipificado na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão.

 

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