Nobel da Paz vai para organização antinuclear japonesa

Nihon Hidankyo divulga a história dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki

 

A organização japonesa Nihon Hidankyo, que atua contra armas nucleares, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2024 na manhã desta sexta-feira (11), conforme anunciou a Comitê Norueguês do Nobel, em um evento sediado em Oslo. A instituição é um movimento popular de “hibakushas” – sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki – que luta por um mundo livre de armas nucleares. Segundo o comitê, a organização, fundada nos anos 1950 foi escolhida “por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de testemunhas, que as armas nucleares nunca mais devem ser usadas”.

Ainda de acordo com o comitê norueguês do Nobel, desde os ataques com bombas atômicas em agosto de 1945, um movimento global começou a trabalhar para aumentar a conscientização sobre as consequências humanitárias catastróficas do uso de armas nucleares. Os membros da Nihon Hidanlyo, por meio de depoimentos de testemunhas da tragédia, foram responsáveis por gerar e consolidar “uma oposição generalizada às armas nucleares ao redor do mundo, baseando-se em histórias pessoais, criando campanhas educacionais baseadas em sua própria experiência e emitindo alertas urgentes contra a disseminação e o uso de armas nucleares”.

“O Comitê Norueguês do Nobel deseja, no entanto, reconhecer um fato encorajador: Nenhuma arma nuclear foi usada em guerra em quase 80 anos. Os esforços extraordinários de Nihon Hidankyo e outros representantes do Hibakusha contribuíram muito para o estabelecimento do tabu nuclear”, afirma a organização do Nobel.

“Nihon Hidankyo forneceu milhares de relatos de testemunhas, emitiu resoluções e apelos públicos e enviou delegações anuais às Nações Unidas e a uma variedade de conferências de paz para lembrar ao mundo a necessidade urgente do desarmamento nuclear”, acrescenta.

No entanto, o Comitê do Nobel chama à atenção o movimento de países para adquirir armas nucleares, além das ameaças de uso desse tipo de arsenal em guerras em andamento. “Neste momento da história humana, vale a pena nos lembrarmos do que são armas nucleares: as armas mais destrutivas que o mundo já viu”, pontuam.

“O ano que vem marcará 80 anos desde que duas bombas atômicas americanas mataram cerca de 120.000 habitantes de Hiroshima e Nagasaki. Um número comparável morreu de queimaduras e ferimentos por radiação nos meses e anos que se seguiram. As armas nucleares de hoje têm um poder destrutivo muito maior. Elas podem matar milhões e impactariam o clima catastroficamente. Uma guerra nuclear poderia destruir nossa civilização”, alertam.

Por fim, o Comitê afirma que a decisão de conceder o Nobel da Paz a NIhon Hidankyo está “firmemente ancorada” no testamento de Alfred Nobel, que tinha o desejo de “reconhecer esforços de maior benefício para a humanidade”.

(Foto: Joe Klamae/AFP)

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