Anielle confirma à PF que sofreu abusos sexuais de Silvio Almeida

É a primeira vez que ela oficializa a denúncia. À PF, ministra disse que episódios de importunação sexual de Silvio Almeida começaram ainda durante a transição, em 2022

 

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, confirmou em depoimento à Polícia Federal (PF), que foi importunada sexualmente pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. A oitiva ocorreu na sede nacional da corporação, na área central de Brasília, nesta quarta-feira (2). É a primeira vez que ela oficializa a denúncia.

O depoimento, colhido por uma delegada, durou uma hora, foi gravado e já transcrito. A ministra declarou que as “abordagens inadequadas”, como definiu, começaram no fim de 2022, quando os dois passaram a fazer parte do grupo de transição de governo nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes da posse dele.

As abordagens, afirmou ela, foram escalonando até a importunação física. Ela contou ainda que, em um primeiro momento, tentou resolver as questões diretamente com Almeida, deixando claro que não concordava nem aceitava a conduta do então colega de governo. E declarou ainda que a situação foi se escalando, com o ex-ministro se tornando cada vez mais invasivo e aumentando as investidas.

As informações do caso vieram a público após denúncias recebidas pela ONG Me Too Brasil, organização não governamental que presta apoio a vítimas de violência sexual. Além de Anielle, diversas mulheres denunciaram a postura do ex-ministro. Elas consentiram em divulgar o caso, mas pediram para não serem nomeadas. Apenas o nome de Anielle veio à público. Em depoimento, a ministra disse que as “abordagens inadequadas” ocorreram ao longo dos últimos dois anos, passando de comentários de cunho sexual até importunação física.

Após as acusações, Silvio Almeida foi demitido pelo presidente Lula. O comando do ministério foi repassado pelo chefe do Executivo para a ativista Macaé Evaristo. O presidente cumpriu a promessa que havia feito de escolher uma mulher negra para chefiar a pasta dedicada aos direitos humanos.

Almeida nega todas as acusações e já pediu à Justiça para que a ONG apresente provas sobre as denúncias. A reportagem tentou contato com o ex-ministro, mas não obteve respostas até a publicação da matéria. Sua última manifestação nas redes sociais foi uma “nota à imprensa” informando que ele teria pedido a Lula que o demitisse para “conceder liberdade e isenção às apurações”.

(Foto: André Borges/EFE)

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