Pesquisa Quaest: Cenário muda na disputa pela Prefeitura de SP

 

Levantamento mostra alteração na posição dos três candidatos que lideram a corrida eleitoral

 

A nova pesquisa Quaest divulgada no início da tarde desta quarta-feira (11) mostra que o candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), começou a ver o maior tempo de exposição na TV impactar sua taxa de intenções de voto. O emedebista passou de 19% para 24% em duas semanas e agora aparece numericamente à frente de Pablo Marçal (PRTB), com 23%, e de Guilherme Boulos (PSol), que tem 21%. A margem de erro estimada para o levantamento é de três pontos percentuais para mais ou menos, o que põe o trio em situação de empate técnico.

Até então na liderança, o deputado federal, apoiado por Lula (PT) na disputa, tinha 22% das intenções de voto no levantamento anterior, divulgado em 28 de agosto — antes, portanto, do início da propaganda eleitoral no rádio e na TV. Marçal e Nunes apareciam àquele momento com a mesma taxa, de 19%.

Mais abaixo, a pesquisa realizada entre domingo e terça-feira mostra a deputada federal Tabata Amaral (PSB) na quarta posição, com 8% (mesmo percentual no levantamento anterior), empatada com o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que variou de 12% para 8% em duas semanas. A candidata Marina Helena (Novo) soma 2% das menções e também empata com a dupla (ela tinha 3% no levantamento anterior).

Faltando menos de um mês para a votação, são 8% dos eleitores os que declaram a intenção de votar em branco ou nulo (contra 7% da pesquisa anterior), e outros 5% se declaram indecisos — três pontos a menos que no fim de agosto. O candidato Bebeto Haddad (DC) marcou 1%, enquanto João Pimenta (PCO), Ricardo Senese (UP) e Altino Prazeres (PSTU) não pontuaram.

Contratada pela TV Globo, a pesquisa realizada pela Quaest entre 8 e 10 de setembro entrevistou 1.200 eleitores de 16 anos ou mais. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-09089/2024.

 

Análise

Os resultados da pesquisa apontam para uma recuperação de Nunes alavancada pelo voto dos mais pobres e dos menos escolarizados, segmentos que historicamente são mais impactados pela propaganda na TV, onde o atual prefeito tem 65% do tempo distribuído entre os candidatos no horário eleitoral. O emedebista avançou de 16% para 25% na escolha daqueles que vivem mensalmente com até três salários mínimos, e passou de 21% para 29% das menções dos que estudaram só até o ensino fundamental.

Nunes disputa com Marçal o eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu apoiador, e viu o ex-coach sair fortalecido nesse embate após o 7 de Setembro. Em manifestação realizada na Avenida Paulista, o emedebista subiu no mesmo carro de som que Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas teve participação discreta, quase despercebida. Já o ex-coach, que dias antes havia viajado a El Salvador, desfilou entre os manifestantes para produzir conteúdo para suas redes sociais, sua principal plataforma de impulsionamento.

Hoje, Marçal é escolhido por 50% dos que declaram ter votado no ex-presidente no segundo turno de 2022, percentual que era de 39% no fim de agosto. Já os bolsonaristas que apoiam Nunes variaram de 33% para 32% no período. O ex-coach também teve evolução expressiva junto ao público evangélico, estrato social majoritariamente mais identificado com Bolsonaro. Nesse nicho, Marçal saltou de 27% para 37% das escolhas, enquanto o atual prefeito avançou de 18% para 26% das menções.

Boulos citou o 7 de Setembro em sua propaganda na TV, dizendo que estava visitando a periferia da cidade enquanto seus adversários participavam de um ato que celebrava o ataque à democracia ocorrido em 8 de janeiro de 2023. O candidato tem oferecido grande parte de seu tempo de exposição nas telas a Lula, buscando reforçar sua ligação com o presidente, e também à sua candidata a vice, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).

Até aqui, porém, a estratégia não tem sido eficaz: Boulos é escolhido por 43% dos eleitores que votaram em Lula em 2022, taxa que há duas semanas era de 44%. Nunes consegue abocanhar praticamente um em cada cinco lulistas (17%) neste momento, segundo a Quaest.

O psolista também tem como má notícia o avanço numérico de sua taxa de rejeição. Passaram de 38% para 43% os que dizem que não votariam de jeito nenhum no deputado federal, ao passo em que a rejeição aos principais adversários de Boulos variou na direção oposta: a de Nunes passou de 42% para 36%, já a de Marçal foi de 41% para 39%.

A estabilização do grupo que rejeita Marçal sugerida pela Quaest é positiva para o ex-coach. Único entre os líderes da disputa que não tem direito a tempo no horário eleitoral obrigatório, Marçal tem sido alvo constante de seus adversários — Nunes recentemente adotou em suas propagandas roteiro semelhante ao que Tabata já vinha usando contra o candidato do PRTB nas redes sociais, com a listagem de acusações feita em um cenário digno de filme policial.

O candidato do PRTB também tem eleitores mais convictos do que os que declaram a intenção em votar em Nunes. São 66% dos marçalistas os que dizem que suas escolhas são definitivas, contra 34% que dizem que ainda podem mudar de ideia. Entre os que apoiam Nunes, 53% se declaram convictos, e 47% admitem a possibilidade de reconsiderar a opção pelo emedebista. No público de Boulos, o perfil de definição é mais próximo ao dos eleitores de Marçal: 63% são convictos, e 37% não descartam uma mudança em cima da hora.

(Foto: ESTADÃO CONTEÚDO)

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