STF forma maioria para manter decisões de Dino que restringem emendas parlamentares impositivas

Decisões estão sendo analisadas no plenário virtual da Corte nesta sexta-feira. Nos votos, os ministros destacaram que existem tratativas para que seja encontrada uma solução constitucional e de consenso

 

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formaram maioria nesta sexta-feira (16) para acompanhar as decisões do ministro Flávio Dino que suspendeu os pagamentos das emendas impositivas apresentadas por deputados federais e senadores ao Orçamento da União e impôs restrições aos repasses das chamadas emendas pix, até que o Congresso estabeleça novos procedimentos para garantir transparência na liberação dos recursos. Os casos estão sendo analisados pela Corte desde o início da madrugada desta sexta-feira no plenário virtual.

Votaram nesse sentido, além do próprio Flávio Dino, os ministros André Mendonça, Luiz Edson Fachin, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Como o plenário do STF é composto por 11 ministros, o voto dos seis forma maioria. Ainda restam votar os ministros Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Nunes Marques.

O julgamento ocorre no plenário virtual, no qual os ministros incluem seus votos em um sistema eletrônico do Supremo. O prazo para inserção dos votos começou à meia-noite e termina às 23h59 desta sexta. Caso algum dos ministros peça destaque ou vista, a análise é interrompida.

Dino depositou um voto mantendo a decisão dada nesta quarta-feira – deflagrando uma animosidade entre a Corte e o Congresso, que chegou a acionar o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, para que a liminar de Dino fosse suspensa. Senado e Câmara entraram nesta quinta-feira com um pedido de suspensão da decisão.

A determinação de Dino não inclui recursos destinados a obras em andamento ou ações para atendimento de calamidade pública. Em 2024, R$ 49 bilhões ficaram nas mãos do Congresso em emendas. Foram R$ 25 bilhões reservados para as emendas individuais, montante que inclui R$ 8,2 bilhões em emendas Pix; R$ 8,5 bilhões em emendas de bancada; e R$ 15,5 bilhões em emendas de comissão.

As emendas impositivas são aquelas que o governo é obrigado a executar, ou seja, não dependem de barganha com o Executivo. O questionamento sobre as emendas foi levado ao Supremo por uma ação apresentada pelo PSol que questiona dispositivos de emendas constitucionais que tornaram obrigatória a execução de emendas parlamentares individuais e de bancada.

Dino considerou incompatível com a Constituição a execução de emendas ao Orçamento que não obedeçam a critérios técnicos. O ministro frisou que as emendas parlamentares impositivas devem ser executadas nos termos e “nos limites da ordem jurídica”, e não ficar sob a liberdade absoluta do parlamentar autor da emenda.

“Afinal, é uma grave anomalia que tenhamos um sistema presidencialista, oriundo do voto popular, convivendo com a figura de parlamentares que ordenam despesas discricionárias como se autoridades administrativas fossem. Em outras palavras, o equivocado desenho prático das emendas impositivas gerou a ‘parlamentarização’ das despesas públicas sem que exista um sistema de responsabilidade política e administrativa ínsito ao parlamentarismo”, afirma o ministro na decisão.

Ao final do voto, o ministro fez um adendo para destacar o papel importante, segundo ele, dos diálogos institucionais que vêm ocorrendo entre o Legislativo e o Judiciário sobre a questão das emendas.

“Realço que estão ocorrendo reuniões técnicas entre os órgãos interessados, com o auxílio do Núcleo de Conciliação da Presidência do STF, além de estar prevista reunião institucional com a presidência e demais ministros do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, bem como do Procurador Geral da República e de representante do Poder Executivo, em busca de solução constitucional e de consenso, que reverencie o princípio da harmonia entre os Poderes”, observa.

Segundo ele, havendo a realização de “diálogos institucionais sob a condução do Chefe do Poder Judiciário Nacional”, a decisão liminar dada por ele “poderá ser reavaliada”.

Ao acompanhar Dino, o ministro André Mendonça citou os esforços em busca de uma saída acordada entre os Poderes. Ele mencionou a possibilidade de um entendimento a partir de reuniões técnicas com o auxílio do Núcleo de Conciliação da presidência do Supremo.

Outras duas liminares dadas por Dino envolvendo emendas também começaram a ser julgadas na madrugada desta sexta-feira e contam com a expectativa de que sejam validadas: duas das decisões são sobre as emendas de transferências especiais, conhecidas como Emendas Pix.

Elas foram proferidas nas duas últimas semanas e estabeleceram critérios para a realização dos repasses. Essas determinações seriam analisadas em duas sessões normais do plenário virtual, mas na quarta-feira Dino pediu o julgamento extraordinário. Nas duas, Dino manteve seus posicionamentos.

(Foto: Divulgação)

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