A Embaixada da República de Ruanda em Brasília organizou na noite desta segunda-feira (29) um evento comemorativo do 30º aniversário da libertação do país localizado na região centro-oriental do continente africano (Kwibohora30).
Há três décadas, Ruanda viveu uma das suas tragédias mais horríveis: o Genocídio contra os tutsis de 1994. Mais de um milhão de tutsis foram assassinados num período de três meses. Em 4 de julho, o Exército Patriótico de Ruanda, sob a liderança de Sua Excelência Paul Kagame, pôs fim aos massacres e significou a libertação da nação.
A celebração começou com a recepção amistosa do embaixador Lawrence Manzi (foto acima) que fez questão de cumprimentar todos que chegaram para o evento. Participaram cerca de 100 convidados, um grupo seleto de membros do governo brasileiro, comunidade diplomática, jornalistas, ruandenses e amigos. Para abrir a solenidade, a banda de música da Polícia Militar do Distrito Federal entoou os hinos nacionais de Ruanda e do Brasil. Em seguida, a autoridade tomou a palavra e agradeceu a presença de todos.
Em suas observações durante o discurso, o Embaixador recapitulou que o Exército/Frente Patriótica de Ruanda herdou um país em total ruína. Ele prestou homenagem aos ruandeses, a maioria dos quais eram mulheres e homens jovens, na altura, que deram tudo de si para pôr fim ao genocídio e libertar o Ruanda.
Lawrence enfatizou que a libertação foi guiada pela visão de uma sociedade melhor. A luta de libertação procurou construir um país adequado para todos, com uma governança baseada no povo, sem divisões étnicas, corrupção, pobreza e integrado dentro e na região. Ainda segundo o Embaixador, os ruandeses estão felizes com o quão longe avançaram em direção aos objetivos da libertação.
A política externa pós-genocídio do Ruanda, como qualquer outro setor do país, evoluiu durante estas três décadas, principalmente baseada na história do país, mas também pelas tendências globais em constante mudança. No geral, o Governo do Ruanda compreendeu desde o início que estabelecer e a manutenção de boas relações com todos os países e o reforço da cooperação para o desenvolvimento e a promoção do comércio mundial equitativo e da integração regional foram benéficos para a paz, a segurança e a estabilidade e para os objetivos de desenvolvimento do Ruanda.
Relação bilateral
O Embaixador Manzi também informou que o Brasil e Ruanda mantêm laços diplomáticos desde 1981. E, ao longo dos últimos anos, ambos os países demonstraram uma dedicação louvável na exploração de potenciais caminhos para o fortalecimento das relações bilaterais e a promoção da cooperação para o desenvolvimento. Isto é demonstrado através da vontade de conversão de embaixadores não residentes em embaixadores residentes e da assinatura de vários acordos. Confira os principais:
- o Memorando de Entendimento (MoU) sobre a promoção da cooperação Sul-Sul no Fortalecimento da Agricultura e Segurança Alimentar, assinado em 2011;
- o Acordo Bilateral de Serviços Aéreos (BASA) assinado em 2019;
- o Tratado sobre a Transferência de Pessoas Condenadas assinado em 2023;
- Memorando de Entendimento sobre Isenção de Requisitos Mútuos de Visto para titulares de passaportes Diplomáticos, de Serviço e Oficiais, assinado em 2023.
O Embaixador Manzi também destacou que Ruanda continuará a trabalhar com países com ideias semelhantes, como o Brasil, para defender reformas dos Sistemas de Governança Global para garantir uma governança global mais justa e equitativa; incluindo as reformas do CSNU, da Reforma das Instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial) e do G20, a fim de tornar estas organizações mais inclusivas e representativas do mundo de hoje. Acreditamos que a força que temos juntos é maior que a soma das nossas riquezas divididas.
Ele também parabenizou o Brasil pela presidência do G20 neste ano e da COP30 no próximo ano. Tenham a certeza de que o Ruanda prestará a sua assistência. Além disso, o Embaixador Manzi expressou a sua gratidão a todos aqueles que aceitaram o convite da Embaixada para celebrar esta vitória histórica do Ruanda (Libertação/Kwibohora), incluindo funcionários do governo, diplomatas, membros do setor privado e outros.
Em seu discurso o convidado de honra, Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, Secretário para a África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) que representou o governo brasileiro no evento, falou da importância das relações do Brasil com a África e que estas relações fazem parte da política externa do governo Lula.
(Fotos: Opinião em Pauta)