Datafolha: 70% dos evangélicos em São Paulo são contra pastor indicar voto

Levantamento aponta ainda que 33% dos evangélicos da capital de SP sequer concordam que religiosos ocupem espaços de poder

 

Pesquisa Datafolha revela que a maioria dos evangélicos paulistanos desaprova a mistura entre púlpito e palanque. Realizada entre 24 e 28 de junho com 613 moradores da capital paulista que professam a fé evangélica, a pesquisa divulgada pelo jornal Folha de São Paulo mostrou que os fiéis não apreciam a intervenção política dos pastores e rejeitam indicações de voto feitas por eles.

Para 56% dos que professam essa fé, seria melhor que os líderes religiosos não apoiassem um candidato durante o período eleitoral. 70% são contra indicações diretas de voto por parte dos pastores, 76% rejeitam a recomendação pastoral para não votar em determinado candidato e 80% afirmaram nunca ter escolhido um candidato sugerido pelo pastor, e 90% disseram que nunca se sentiram pressionados a fazê-lo.

Ainda de acordo com o levantamento, a presença de evangélicos em cargos públicos também é mais que o suficiente para 6% dos eleitores. Outros 29% dizem ser insuficiente, enquanto 33% acham que os religiosos sequer deveriam ocupar esses espaços de poder. Embora exista uma rejeição entre os fiéis, a indicação de candidatos pelos líderes não são raras nos templos.

A pesquisa também revelou que a identidade religiosa de um candidato nem sempre inspira confiança. Apenas 11% confiam muito mais em um político evangélico, enquanto 37% afirmam que a religião não faz diferença na sua confiança no candidato.

A maioria dos evangélicos paulistanos acredita que os líderes religiosos não devem falar sobre política durante os cultos. A pesquisa mostrou que 76% dos entrevistados são contra a discussão de assuntos políticos nas pregações. Para 87% dos evangélicos paulistanos, é essencial que um postulante à cadeira de prefeito da cidade acredite em Deus. No entanto, 53% não acham relevante que o escolhido nas urnas professe a mesma fé que eles.

O levantamento mostra, também, que o apoio de Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula dia Silva (PT) para os postulantes pesa mais contra do que a favor. Para 60% do eleitorado evangélico da cidade de São Paulo, a indicação do atual presidente não é bem aceita, enquanto 54% rejeitam a sugestão feita pelo ex-capitão.

 

Temas mais sensíveis ao eleitorado fiel: Bolsonarismo x Petismo

A pesquisa ainda monitorou a opinião de evangélicos da cidade aos temas em debate no cenário político brasileiro. A conclusão é de que armas e “homeschooling” estão entre as pautas defendidas pelos candidatos bolsonaristas que mais afastam os votos evangélicos. Outros tópicos, como educação sexual e igualdade de gênero na sociedade, bandeiras normalmente associadas ao campo progressista, também tendem a ganhar a simpatia nos templos da capital paulista.

A pauta armamentista, cara ao bolsonarismo, não ganha muitos adeptos entre os evangélicos paulistanos: apenas 28% dos eleitores do grupo aprovam a prerrogativa de armar o cidadão. A causa da educação domiciliar, outra obsessão do ex-capitão, não encontrou eco na base evangélica. Só 19% apreciam a sugestão de que as crianças sejam educadas pelos pais em casa.

Ainda que com menor aceitação, temas como o aborto e o casamento homoafetivo ganharam certo alinhamento entre os fiéis. Quando perguntados se o aborto deve deixar de ser crime, 68% dos evangélicos afirmam que não. No entanto, o jogo se inverte quando a pergunta feita é se uma mulher deve ser presa por interromper uma gravidez. Nesse quesito, somente três em cada dez evangélicos concordaram que sim.

A união civil entre pessoas do mesmo sexo tem a benção de 26% do eleitorado religioso da cidade, enquanto 57% são contrários ou não souberam responder. Por fim, quatro a cada três fiéis acham que a escola deve abordar educação sexual com as crianças.

A pesquisa Datafolha foi feita entre os dias 24 e 28 de junho, e entrevistou 613 evangélicos eleitores da capital paulista. O levantamento tem margem de erro de até 4 pontos percentuais e foi formulado pelo instituto com a participação de antropólogos.

(Foto: Reprodução)

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