O governo argentino nega haver um “pacto de impunidade” entre Javier Milei e Jair Bolsonaro
O governo de Javier Milei enviou ao Itamaraty uma relação de foragidos dos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 que estão na Argentina. Na noite de quarta-feira (19), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) encaminhou o documento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A lista tem cerca de 60 nomes que tinham prisão decretada ou que descumpriram medidas cautelares e fugiram para a Argentina sem passar pelos controles de fronteira. Segundo o governo argentino, dez desses golpistas já teriam deixado o país e fugido para outros territórios. O MRE não informou ainda o número exato.
Em resposta a um pedido da Polícia Federal (PF), o governo brasileiro havia enviado à Argentina uma lista com os nomes e documentos de 143 pessoas condenadas pelos atos golpistas, solicitando que as autoridades argentinas especificassem quais delas estavam em solo argentino. Com a lista em mãos, o governo Lula agora encaminhará os nomes ao Supremo Tribunal Federal (STF), que preparará os pedidos de extradição a serem enviados à Justiça argentina.
Pouco antes da lista de foragidos ser enviada pela Argentina ao Brasil, o porta-voz de Javier Milei, Manuel Adorni, já havia dado um banho de água fria nos parlamentares bolsonaristas, – que chegaram a ir no país vizinho pedir ao governo local asilo político aos golpistas -, ao afirmar que o governo argentino deixará a decisão nas mãos da Justiça.
Adorni descartou a possibilidade de existir um “pacto” para permitir a impunidade dos golpistas brasileiros que fugiram para o seu país. “Não fazemos pactos de impunidade com absolutamente ninguém, nem nunca o faremos”, declarou o porta-voz em conferência de imprensa. “Na verdade, é uma questão judicial. A justiça tomará as medidas correspondentes quando chegar a hora de tomá-las, e nós as respeitaremos como respeitamos cada decisão judicial.”
(Foto: Monatgem – Luiz Robayo-AFP/Marcelo Camargo-ABr/Ricardo Stuckert-PR)