Presidente voltou ao tema durante entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da Rede TV!, na manhã desta terça-feira (27)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, ao comparar as mortes na Faixa de Gaza com as mortes de judeus por Hitler na Segunda Guerra Mundial, não usou a palavra “Holocausto” e que o termo foi parte da interpretação das autoridades israelenses. “Primeiro que não disse a palavra Holocausto. Holocausto foi interpretação do primeiro-ministro de Israel. Não foi minha. Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Porque eu conheço o cidadão historicamente já há algum tempo. Eu sei o que ele pensa ideologicamente. A segunda coisa é a seguinte, morte é morte”, afirmou Lula em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da Rede TV!, na manhã desta terça-feira (27), no Palácio do Planalto cuja íntegra ainda não foi divulgada.
Lula apontou que morte “não é diferente da outra” e que Israel tem um “exército altamente preparado contra mulheres e crianças”. Sobre a comparação entre as ações de Israel e Hitler, Lula reforçou que repetiria a afirmação. “Eu diria a mesma coisa. Porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um exército altamente preparado contra outro exército altamente preparado. Você tem uma guerra de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças (…) Quantas pessoas do Hamas já foram apresentadas mortas? Você inventa determinadas mentiras e passa a trabalhar como se fosse verdade”, disse.
Durante viagem à Etiópia neste mês, Lula se referiu às mortes em Gaza como “genocídio” e afirmou que o acontecimento só se compara às mortes de judeus por Hitler. “O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula na ocasião. A fala de Lula desencadeou uma crise diplomática e fez com que o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarasse Lula “persona non grata” no país até que peça desculpas. O governo de Israel também mudou o protocolo para encontros com diplomatas e representantes de nações estrangeiras e resolveu fazer uma reunião com o embaixador do Brasil em Israel no Museu do Holocausto, em Jerusalém, após as falas de Lula. A decisão foi considerada um “circo” por diplomatas brasileiros.
Ainda durante a entrevista, o presidente brasileiro afirmou que busca um cessar-fogo na região. “Eu e o Brasil fomos o primeiro país a condenar o gesto terrorista do Hamas. Mas eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel, através do seu Exército e do seu primeiro-ministro, fazendo a mesma barbaridade. Nós estamos clamando para que pare o tiroteio, que permita que tenha a chegada de alimento, de remédio, de médico, de enfermeiro. Para que a gente tenha um corredor humanitário e possa tratar das pessoas”. A entrevista completa de Lula irá ao ar ainda nesta segunda, às 22h, na Rede TV!
(Foto: Reprodução/RedeTV)