Diretora do FMI elogia condução da política monetária do Brasil e chama reforma tributária de ‘histórica’

Kristalina Georgieva recomendou que os bancos centrais mantenham o foco em “terminar o trabalho” de levar a inflação para a meta

 

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, elogiou a condução da política monetária do Brasil pelo Banco Central (BC). Georgieva destacou a atuação da instituição ao se antecipar e elevar a taxa Selic durante a pandemia. “A resposta precoce e resoluta do Brasil ao aumento da inflação durante a pandemia é um bom exemplo de como a formulação ágil de políticas pode compensar. O Banco Central do Brasil foi um dos primeiros bancos centrais a aumentar a sua taxa de juros e depois a afrouxar a política à medida que a inflação voltava a atingir o seu intervalo-alvo”, escreveu a diretora-gerente em um texto para o blog do FMI nesta segunda-feira (26), em que trata da agenda do G20.

De acordo com a diretora, trazer a inflação de volta à meta é de especial importância para as famílias pobres e para os países de baixa renda atingidos de forma desproporcional pela alta dos preços. “Como o núcleo da inflação permanece elevado em muitos países e ainda há riscos de a inflação subir, as autoridades precisam acompanhar atentamente a evolução da inflação subjacente e evitar flexibilizar cedo ou rápido demais”, aconselhou.

Ao comentar sobre as contas públicas, Georgieva, que estará em São Paulo nesta semana para o fórum econômico, se referiu à reforma tributária, aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional, como “histórica”. Para ela, é vital que os países continuem a fazer avanços importantes para aumentar a receita e eliminar ineficiências. “O Brasil demonstrou liderança nessa área com sua histórica reforma do Imposto Sobre Valor Agregado (IVA). Mas muitos países estão atrasados, e têm margem para ampliar sua base tributária, fechar brechas e melhorar a administração tributária. É por isso que o G20 nos pediu para lançar uma iniciativa conjunta com o Banco Mundial para ajudar os países a reforçar a mobilização de recursos internos”, disse.

A dirigente destacou ainda que os países também devem ter como objetivo “construir sistemas tributários mais inclusivos e transparentes, zelando para que a arquitetura tributária internacional leve em conta os interesses dos países em desenvolvimento”.

A diretora-gerente do FMI pediu aos integrantes do G20 “ousadia” para melhorar as perspectivas de crescimento no médio prazo, com vistas e um futuro “mais equitativo, próspero, sustentável e cooperativo”. A previsão do Fundo é de que a economia mundial cresça 3,1% neste ano, com a inflação caindo e os mercados de trabalho se mantendo. “Essa resiliência constitui uma base para mudar o foco e voltar a atenção para as tendências de médio prazo que estão dando contornos à economia mundial”, afirmou.

Georgieva mencionou ainda que os riscos climáticos estão crescendo e já estão afetando o desempenho da economia, desde a produtividade agrícola até a confiabilidade do transporte e a disponibilidade e o custo do seguro. “Com esse pano de fundo, a agenda do G20 do Brasil destaca questões fundamentais como inclusão, sustentabilidade e governança global, com uma ênfase oportuna na erradicação da pobreza e da fome. Essa agenda ambiciosa, apoiada pelo trabalho do FMI, pode orientar as autoridades neste momento crucial da recuperação mundial”, escreveu.

Encontro do G20

Georgieva é uma das autoridades que participará da reunião do G20 em São Paulo esta semana. Hoje teve início o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, evento oficial do G20 Social e que antecede a reunião de representantes do grupo das 20 maiores economias. A diretora fez um apelo, dizendo que o G20 tem uma oportunidade importante de mudar o foco do combate a choques sucessivos para uma agenda de médio prazo que apoie o crescimento.

Com a expectativa de que o crescimento global chegue a 3,1% em 2024, a queda da inflação e a resiliência dos mercados de trabalho, a avaliação dela é que as autoridades podem se concentrar na reconstrução de amortecedores fiscais contra choques futuros.

(Foto: Gian Ehrenzeller/EFE)

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