Ato em Buenos Aires contou com uma mobilização em direção ao Congresso. Governo de extrema direita ameaça punir os grevistas
Milhares de trabalhadores e ativistas de organizações sindicais da Argentina se reuniram na Praça dos Dois Congressos nesta quarta-feira (24) em uma mobilização marcada pela greve geral de 12 horas, entre o meio-dia desta quarta-feira (24) e a meia-noite de quinta-feira (25). Convocada em oposição ao choque neoliberal imposto pelo presidente de extrema direita Javier Milei, o projeto de lei “Bases” e ao Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) 70/2023, a manifestação já começou com momentos de tensão.
Segundo informações do Página|12, o ato em Buenos Aires contou com uma mobilização em direção ao Congresso, onde tramita o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU). Este é um plano de estabilização de choque que visa a avançar ainda na privatização de empresas públicas. A greve nacional convocada pela Confederação Geral do Trabalho da República Argentina (CGT) conta com a adesão de várias organizações sociais.
Enquanto isso, o governo de Milei ameaça punir os grevistas. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, reiterou que “o dia será descontado” dos trabalhadores “estatais” que aderirem à greve. Ele disse que “respeitamos o direito de parar” e “de manifestar-se”, mas “é uma decisão do governo” que o dia seja descontado para os trabalhadores do Estado que não compareçam aos seus postos de trabalho.
O dirigente do Sindicato dos Caminhoneiros, Pablo Moyano, foi o primeiro a falar na coluna da CGT e mirou os deputados: “Peronistas de quê? As empresas estatais não podem ser privatizadas”, afirmou o dirigente caminhoneiro. Entretanto, iniciou o seu discurso pedindo que a Unión por la Patria rejeitasse o DNU e a lei geral.
“Estamos aqui para exigir dos deputados que fazem campanha cantando a marcha peronista, e quando têm que rejeitar uma lei que vai contra os trabalhadores, eles se escondem e temos que ir procurá-los em seu gabinete”, afirmou. “Vocês enfrentam nesta quinta-feira uma decisão histórica de dizer publicamente se votaram nos trabalhadores ou nas corporações monopolistas que estão executando este modelo econômico de Milei. Os deputados fazem blocos, sub-blocos, um peronista não pode votar neste DNU e na lei geral, que vão contra os trabalhadores e aposentados”, acrescentou.
No palco da Praça do Congresso foi visto o secretário-geral da CGT, Héctor Daer; os líderes caminhoneiros Hugo e Pablo Moyano; e o chefe do Grêmio Judiciário, Julio Piumato, entre outros. O líder sindical Luis D’Elía publicou um vídeo em suas redes sociais enquanto marchava com outros manifestantes em pleno dia de mobilização.
“Na rua acompanhando o povo argentino, gritando, para quem quiser ouvir, que o país não está à venda”, afirmou o dirigente da Federação de Terra, Habitação e Habitat. Ao mesmo tempo, chamou a atenção do presidente Javier Milei: “Aí está você, Milei. Centenas de milhares de trabalhadores nas ruas dizendo não.”
A ex-presidenta da empresa de saneamento Malena Galmarini lidera a coluna da Frente Renovador. Cercada por militantes do espaço político criado pelo marido, Sergio Massa, ela carrega uma bandeira com o lema: “O país não está à venda”. A ex-chefe de Aysa Malena Galmarini lidera a coluna da Frente Renovador na Plaza de los dos Congresos. Cercada por militantes do espaço político criado pelo marido, Sergio Massa, ela carrega uma bandeira com o lema: “O país não está à venda”.
O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, desembarcou esta tarde na greve geral. No meio da multidão, o líder da Unión por la Patria desceu e foi ao encontro dos prefeitos da província de Buenos Aires que o esperavam, entre eles o prefeito de Avellaneda, Jorge Ferraresi; o de La Matanza, Fernando Espinoza; e a de Pehuajó, Pablo Zurro.
(Foto: Nicolás Aguilera/AFP)