É a primeira vez desde 2011 que país ultrapassa marca de 1.000 registros do tipo. Ocorrências incluem 132 mortes, 9.263 feridos e 74 mil desabrigados
O Brasil registrou 1.161 ocorrências de desastres naturais ao longo de 2023, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (23) pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A média foi de três ocorrências por dia. O resultado é o maior desde que o órgão se tornou efetivamente operacional, em dezembro de 2011.
O Cemaden contabilizou ao longo dos últimos doze meses no país 716 desastres hidrológicos (61,6%), que são inundações, enxurradas e alagamentos, além de 445 geológicos (38,3%), como erosões, deslizamentos e afundamentos, o que representa um desastre natural por dia no ano passado. Esses desastres naturais causaram a morte de 132 pessoas, deixou 9.263 feridos, 74.787 desabrigados, e 524.863 desalojados.
O ano passado foi a primeira vez que o país registrou mais de 1.000 ocorrências do tipo. Os anos com maiores ocorrências foram 2022 e 2020, quando ficaram entre 800 e 900. Entre os municípios com maior número de ocorrências de desastres, Manaus ocupa a primeira colocação com 23 registros. De acordo com o Cemaden, Manaus (AM), com 23 ocorrências, lidera a lista.
Confira as cidades com maior número de ocorrências:
Manaus (AM) – 23
São Paulo (SP) – 22
Petrópolis (RJ) – 18
Brusque (SC) – 14
Barra Mansa (RJ) – 14
Salvador (BA) – 11
Curitiba (PR) – 10
Itaquaquecetuba (SP) – 10
Ubatuba (SP) – 9
Xanxerê (SC) – 9
Alertas de desastres
O Cemaden, que monitora ininterruptamente 1.038 municípios, representando 18,6% das cidades brasileiras e abrangendo 55% da população nacional, emitiu um total de 3.425 alertas ao longo de 2023. Destes, 1.813 (52,9%) foram alertas hidrológicos, enquanto 1.612 (47,1%) foram alertas geológica. Este é o terceiro maior quantitativo de alertas desde a criação do Centro em 2011.
Os impactos desses desastres não se limitam aos números impressionantes de ocorrências e alertas, mas têm reflexos diretos na vida das pessoas. Petrópolis lidera o trágico ranking de municípios mais afetados, recebendo 61 alertas, seguido de São Paulo com 56 e Manaus com 49.
Confira abaixo:
Petrópolis (RJ) – 61
São Paulo (SP) – 56
Manaus (AM) – 49
Belo Horizonte (MG) – 40
Rio de Janeiro (RJ) – 35
Juiz de Fora (MG) – 34
Angra dos Reis (RJ) – 30
Recife (PE) – 26
Teresópolis (RJ) – 25
Nova Friburgo (RJ) – 25
A diretora do Cemaden, Regina Alvalá, destaca que o ano de 2023 foi peculiar em termos climáticos, com uma rápida transição do fenômeno La Niña para o El Niño, resultando em mudanças significativas nos padrões de chuva em relação à média histórica. “Os índices de chuva registrados em 2023 foram muito superiores no Sul e inferiores no Norte e Nordeste”, avalia a diretora. “A mudança do clima também contribuiu para todo esse processo. O oceano mais quente significa mais vapor de água na atmosfera e, por consequência, provocam chuvas intensas e concentradas”, complementa.
A gravidade da situação reflete-se nas trágicas estatísticas: pelo menos 132 vidas foram perdidas, 9.263 pessoas ficaram feridas e mais de 74 mil brasileiros foram desabrigados. No total, 524 mil pessoas ficaram desalojadas. As regiões mais afetadas incluem o Sul do país, regiões metropolitanas das grandes capitais, vale do Maranhão, sudeste do Pará e municípios ribeirinhos do rio Amazonas.
Além disso, os prejuízos econômicos causados pelos desastres se aproximam de R$ 25 bilhões, somadas as áreas pública e privada. Já em termos danos materiais, o sistema aponta para mais de R$5 bilhões em obras de infraestrutura e instalações públicas e unidade habitacionais.
(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)