Lula diz que refém brasileiro pelo Hamas ‘pode ser libertado por esses dias’

Presidente brasileiro conversou em Doha com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, sobre a libertação de Nisenbaum, que vive há mais de 45 anos em Israel

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quinta-feira (30) com o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, e o agradeceu pela mediação na liberação de brasileiros e familiares que estavam na Faixa de Gaza e foram repatriados. Sobre um refém brasileiro, que ainda se encontra no local, o petista disse que ele “ainda pode ser liberado por esses dias”.

“O Catar teve um papel importante para a liberação dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza. Ainda tem mais brasileiros lá, um refém ainda pode ser liberado por esses dias e eu vim agradecer”, disse o presidente em conversa com jornalistas em Doha, a capital do Catar, após o encontro.

A assessoria da Presidência da República não deu mais informações sobre o brasileiro que ainda é mantido em cativeiro. No fim de outubro, o Itamaraty confirmou que o brasileiro-israelense Michel Nisembaum estava entre os desaparecidos após o ataque do Hamas. Em postagem divulgada nesta quinta, a Embaixada do Brasil em Tel Aviv (Israel) informou que o embaixador Frederico Meyer se encontrou com a irmã do “único brasileiro refém em Gaza”. Autoridade máxima do país árabe, al-Thani foi o principal articulador das negociações entre Israel e o Hamas para tréguas na guerra e liberação de reféns. Em discurso na sessão de abertura do Fórum Empresarial Brasil-Catar, Lula disse que o Catar tem papel central em prol da paz no conflito.

O brasileiro-israelense Michel Nisenbaum vive há mais de 45 anos em Israel. Aos 59 anos, tem duas filhas e quatro netos — o quinto previsto para nascer no próximo ano —, e trabalha com computação. Ele tinha começado há pouco tempo a atuar como guia turístico, mas desapareceu na manhã do dia 7 de outubro, quando saiu para buscar a neta de quatro anos em uma base militar na cidade de Re’im, sul do país, onde ela estava com seu filho, um soldado do Exército israelense. Acredita-se que ele seja o único brasileiro que ainda é mantido como refém pelo Hamas. Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, sobre sua possível libertação, que poderia acontecer “nos próximos dias”.

Investimentos

Na ocasião também foram debatidas oportunidades de investimentos, ampliação do comércio exterior e parceria na organização do G20 — o grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, também a União Africana. Na conversa, o Emir afirmou ter interesse em ampliar os investimentos bilaterais, aceitou convite do presidente Lula para uma visita ao Brasil em 2024 e para auxiliar na presidência brasileira do G20, que o país toma posse nesta sexta (1º) . O presidente Lula comentou sobre as oportunidades de diversificação da pauta comercial com a inclusão de produtos de maior valor agregado, como autopeças, produtos de defesa e aeronaves da Embraer.

“O Brasil voltou a participar da geopolítica mundial e o Catar é um parceiro importante, com potencial de investimentos sobretudo na questão de novas pesquisas, na exploração de petróleo, no reflorestamento, na manutenção de agricultura de baixo carbono. O Brasil está fazendo uma transição energética forte e acho que eles vão ter muito interesse”, afirmou Lula.

Lula estava acompanhado de uma comitiva de ministros, como Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), além de representantes da Apex, da Petrobras e do BNDES. De Doha, o presidente segue ainda nesta quinta para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde vai participar da 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP28.

 

(Foto: SAUDI PRESS AGENCY / AFP)

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