‘Dinheiro bom é dinheiro transformado em obras’, defende Lula em reunião ministerial

Em reunião com ministros da infraestrutura nesta sexta-feira (3), Lula declarou que “vimos como o adversário joga” e que é preciso ajustar a tática e a estratégia para o ano que vem

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (3) que o “dinheiro bom” é o “transformado em obras”, ao defender o investimento público em infraestrutura. A fala do presidente, durante reunião com ministros da área de infraestrutura e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta sexta-feira (3), no Palácio do Planalto,  vem em meio às discussões sobre a mudança na meta fiscal de 2024, que prevê déficit zero e pode levar a contingenciamento de gastos discricionários, entre eles, os investimentos. O chefe do governo tem colocado em xeque a estabelecida por Haddad e, na semana passada, disse que dificilmente a meta será cumprida.

“Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro no Tesouro. Mas, para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”, disse o presidente durante abertura de reunião. Segundo Lula, a orientação é não “deixar sobrar dinheiro que está previsto para ser investido”. “A gente não pode deixar sobrar dinheiro que está previsto ser investido nos ministérios. A gente precisa colocar, transformar. Eu sempre digo que para quem está na Fazenda dinheiro bom é dinheiro no tesouro. Para quem está na presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”, acrescentou.

Lula também pediu aos ministros que sejam os “melhores executores” e “gastadores do dinheiro em obras” do país.  A equipe econômica acredita que a fala de Lula sobre a meta fiscal reflete influência da Casa Civil, que comanda o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O temor do ministério é que os recursos acabem sendo contingenciados para que a Fazenda chegue à meta de déficit primário zero. “Se os ministérios forem bem, o Brasil vai bem, o governo vai bem, eu e o Alckmin vamos bem. Se vocês não fizerem direito o Brasil vai mal, eu e Alckmin vamos mal. Então queremos que vocês sejam os melhores ministros desse país, os melhores executores desse país, os melhores gastadores do dinheiro em obras de interesse do povo brasileiro. É para isso que estamos fazendo essa reunião”, disse.

O presidente declarou ainda aos ministros que as falhas percebidas durante o primeiro ano de governo não poderão se repetir no ano que vem. De acordo com o presidente, integrantes do governo “viram como é que os adversários jogam”, e é preciso atualizar as táticas e estratégias para o ano que vem. “Toda e qualquer falha que a gente tenha percebido nesse primeiro ano não poderá se repetir no segundo ano. É como se nós fôssemos aqui o técnico de futebol, e vocês são o time. Nós entramos em campo. Nós vimos como é que os adversários jogam, a tática, a estratégia. Nós agora estamos no intervalo e vamos elaborar já a nossa tática e estratégia para o próximo período”, declarou o presidente.

O governo está com R$ 27,4 bilhões represados nos ministérios, com destaque para as pastas de Saúde, Desenvolvimento Social e Educação. O valor é mais que o dobro do registrado no ano passado, quando os recursos parados chegavam a R$ 13,3 bilhões até agosto, de acordo com os dados mais recentes do Tesouro Nacional. Se esses valores seguirem parados até o fim do ano, isso vai ser uma alternativa “barata” para a equipe econômica reduzir o rombo das contas públicas em 2023. Por outro lado, indica uma dificuldade de execução de políticas públicas, já que a maior parte desse dinheiro é composto por investimentos e outros recursos discricionários — aqueles sobre os quais o governo pode decidir.

O dinheiro parado é chamado pelos técnicos de “empoçamento” — já que são recursos paralisados como uma poça d’água. É um dinheiro que o Tesouro liberou para ser gasto, mas que não tem sido usado pelo ministério. Segundo o Planalto, participaram da reunião o vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin (PSB), os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Juscelino Filho (Comunicações), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), além dos secretários Miriam Belchior e Maurício Muniz, da Casa Civil.

Viagens pelo Brasil ano que vem

Lula também comentou sua viagem aos Emirados Árabes Unidos em 28 de novembro, e disse que pode ir também ao Catar e à Arábia Saudita, acompanhado de Rui Costa e Fernando Haddad. Segundo ele, o tema principal das viagens será a economia verde, incluindo energia limpa, área na qual o Brasil quer se tornar referência mundial. Para o ano que vem, o presidente disse que quer viajar pelo Brasil, visitando obras de infraestrutura.

Aos ministros, Lula brincou que a maioria já está no governo há dez meses e “aprenderam os corredores dos ministérios”. Ele citou, porém, Silvio Costa Filho, que assumiu o ministério dos Portos e Aeroportos há poucas semanas. “O Silvinho ainda não sabe sequer aonde estão todos os portos e aeroportos. desse país, mas ele vai aprender logo”, brincou.

“Essa reunião é exatamente para isso. Agora foi aprovado o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).Todo mundo tem o compromisso, ninguém precisa inventar nada novo nesse país. Está tudo determinado Nós temos até 2026 para que a gente construa e execute parte dessas obras. O meu papel aqui e do companheiro Alckmin é a gente acompanhar vocês. Não é vigiar, quem vigia é o Rui Costa”, disse ainda Lula.

(Foto: Foto: Ricardo Stuckert /PR)

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