FMI revisa PIB brasileiro e aumenta expectativa de crescimento para 3,1% em 2023

Fundo destaca Brasil como uma das economias que flexibiliza as medidas de aperto monetário; crescimento da América Latina e Caribe global é projetado em 2,3% e da economia mundial de 3%

 

 

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve registrar expansão de 3,1%, neste ano. A projeção consta no relatório Panorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira (10), pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A projeção revisa em um ponto percentual para cima a previsão feita pelo fundo em julho e cita “uma agricultura dinâmica e serviços resilientes no primeiro semestre de 2023”, como motivos para elevar a projeção de expansão do PIB brasileiro. A estimativa é ligeiramente maior que a prevista pelo mercado brasileiro, de 2,92%, segundo o último Boletim Focus, mas ligeiramente mais tímida do que o esperado pelo governo (3,2%) e o estimado pela ONU, de 3,3%.

“A revisão em alta para 2023 desde julho reflete um crescimento mais forte do que o esperado no Brasil, impulsionado pela agricultura dinâmica e serviços resilientes no primeiro semestre de 2023”, justifica o FMI. “O consumo também se manteve forte, apoiado pelo estímulo fiscal”, acrescentou o FMI no relatório. A estimativa do FMI subiu para crescimento de 3,1% em 2023, de 2,1% no documento anterior, de julho. O crescimento da economia brasileira é projetado em um ritmo maior que o global. Segundo o FMI, a economia mundial deve ter um avanço de 3% neste ano, mais lento que os 3,5% registrados no ano passado. Em 2022, a economia brasileira avançou 2,9%.

No relatório, o FMI destaca o Brasil — ao lado do Chile — entre as economias emergentes latino-americanas que estão flexibilizando as medidas de aperto monetário. Em julho, o Banco Central brasileiro reduziu em 0,5 ponto percentual o patamar da taxa Selic, movimento seguido em setembro. A expectativa é por mais cortes até o fim do ano, apesar do cenário global desafiador, com a política monetária ainda apertada nos Estados Unidos e o conflito no Oriente Médio, que mexe com as cotações do petróleo e tem efeitos na inflação.

Para 2024, no entanto, o Fundo prevê um desempenho mais lento da economia brasileira, de 1,5% de crescimento no próximo ano. Nesta edição do relatório, publicado em Marrakech, no Marrocos, o Fundo não detalha mais sobre o desempenho da economia brasileira — que apresentou dois fortes trimestres de crescimento na primeira metade deste ano. No relatório anterior, de julho, o FMI ressaltava que o precisa enfrentar desafios econômicos de curto e longo prazo, como inflação, endividamento das famílias e o risco fiscal, para cumprir a agenda econômica proposta pelo governo.

Dados do IBGE mostraram que o PIB brasileiro cresceu 0,9% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, depois de uma expansão de 1,8% no primeiro trimestre. A perspectiva do FMI para este ano é um pouco mais otimista que a dos analistas consultados para o Boletim Focus, que veem uma expansão de 2,92% do PIB. Para 2024, o levantamento mais recente do BC também mostra expectativa de expansão de 1,5%. Já o Ministério da Fazenda vê expansão de 3,2% em 2023 e de 2,3% em 2024, enquanto o BC calcula altas de 2,9% e 1,8%, respectivamente.

No final de julho, o Conselho Executivo do FMI elogiou a atual política monetária do Brasil, considerando-a “apropriada”, e pediu a continuação de uma abordagem orientada para o futuro e baseada em dados. A melhora da projeção para o Brasil contribuiu para um aumento da estimativa de crescimento da América Latina e Caribe como um todo. A perspectiva para o país segue acima da projeção para a região em 2023, mas abaixo do crescimento estimado para o ano que vem.

América Latina e Caribe

O FMI também melhorou suas estimativas para o PIB da América Latina e Caribe em 0,4 e 0,1 ponto percentual respectivamente em 2023 e 2024, vendo agora expansão de 2,3% em cada um dos anos, ante 1,9% em julho. A estimativa de 2,3% para 2023 segue crescimento de 4,1% no ano passado, disse o FMI, com a desaceleração devido a uma “normalização do crescimento, juntamente com o efeito de políticas monetárias mais apertadas, um ambiente externo mais fraco e preços mais baixos das commodities”.

Na semana passada, o crescimento do México foi revisado para cima em 0,6 ponto percentual, para 3,2%, com o FMI citando uma recuperação pós-pandemia que está se consolidando na construção e nos serviços, enquanto a economia ainda se beneficia da demanda dos Estados Unidos. As principais economias da região que deverão registrar uma contração este ano são a Argentina e o Chile, informou o FMI.

De acordo com o relatório, o FMI espera que o PIB da Argentina recue 2,5% em 2023. Porém, para 2024, a expectativa é de crescimento na marca de 2,8%. De acordo com o Fundo, a orientação orçamental do governo da Argentina deve continuar a ser mais restritiva do que em outros países emergentes, dado o tamanho de sua dívida, que permanece elevada. Para o FMI, a orientação deve garantir a sustentabilidade fiscal e de dívida no país sul-americano. No total, o Fundo já desembolsou cerca de US$ 36 bilhões para a Argentina, que segue um plano de reestruturação da instituição e tem apresentado dificuldades para honrar a dívida.

(Foto: Reprodução)

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