As mensagens do GSI foram mandadas de 6 a 13 de março deste ano. Na época, Cid e Bolsonaro estavam nos Estados Unidos
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do presidente da República vai abrir uma investigação para apurar o envio de detalhes da segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), que foi preso e é alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas do 8 de Janeiro. As mensagens do GSI foram mandadas de 6 a 13 de março deste ano. Na época, Cid e Bolsonaro estavam nos Estados Unidos. O ex-presidente deixou o Brasil ainda em dezembro, a dois dias do fim do mandato, para não passar a faixa presidencial a Lula. Estes e-mails funcionais de Cid, enviados à CPMI, revelaram que ele recebeu documentos classificados como “urgentíssimos”.
O homem que fazia tudo para Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu em sua caixa de entrada os detalhes de segurança dos seguintes eventos oficiais de Lula: visitas a Pequim e Xangai, na China; Brasília; Foz do Iguaçu (PR); e Boa Vista (RR), que ocorreram em março e abril. Curiosamente, as mensagens estavam na lixeira do e-mail de Cid. Como ele, assim como outros auxiliares de Bolsonaro, não apagou as mensagens definitivamente, isso abriu uma brecha para que a Polícia Federal e a CPMI acessassem o material.
As mensagens traziam documentos com tarja de “urgentíssimo” com informações como data e horário da reunião de preparação, do reconhecimento do local e da visita do escalão avançado, além do nome e celular do coordenador da segurança. Nas viagens à China, o documento citava ainda os horários de decolagem dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Os e-mails foram enviados por três militares do GSI: Márcio Alex da Silva, do Exército; Dione Jefferson Freire, da Marinha; e Rogério Dias Souza, da Marinha. Todos já trabalhavam no GSI durante a gestão de Bolsonaro. O GSI, a Secretaria de Comunicação e Mauro Cid ainda não se manifestaram sobre o caso.
Exonerações
Após a denúncia publicada nesta quarta-feira (9) pelo portal Metrópoles, o ministro-chefe do GSI, Marcos Antônio Amaro, confirmou que vai abrir investigação sobre três militares suspeitos de enviar detalhes de segurança das viagens do presidente Lula ao tenente-coronel Mauro Cid. O general também assegurou que os militares já estavam afastados das atividades do GSI. As exonerações devem ser publicadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira.
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)