Após as críticas, Zema afirmou na noite deste domingo que “a união do Sul e Sudeste jamais será para diminuir outras regiões”
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), somou-se ao coro de vozes críticas ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que levantou a bandeira de dar mais protagonismo às regiões Sul e Sudeste nas discussões nacionais. “Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK [Juscelino Kubitschek, ex-presidente da República], o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional”, escreveu Pacheco, que é mineiro, em suas redes sociais. “Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, completou.
A declaração de Zema foi dada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no sábado (5). Zema argumentou que o bloco Cossud (Consórcio Sul-Sudeste), atualmente presidido por Ratinho Junior, governador do Paraná pelo PSD, deveria buscar um papel de destaque e agir conjuntamente para defender os interesses dessas regiões no Congresso Nacional, especialmente em resposta às preocupações econômicas dos Estados do Norte e Nordeste.
O mineiro chegou a fazer uma analogia com “vaquinhas que produzem pouco” ao falar sobre distorções de arrecadação e necessidades, dizendo que, se um produtor rural começa a dar um bom tratamento só para essas vacas, “daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento”. O grupo também pensa, segundo o governador de Minas, em um possível lançamento de um candidato de direita à Presidência nas eleições de 2026.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, afirmou o governador de Minas Gerais.
As falas de Zema despertaram uma série de críticas que vão da esquerda à direita, sobretudo de seus opositores, que lembraram sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e de políticos do Nordeste. O mineiro é considerado pré-candidato do campo da direita para a eleição presidencial de 2026.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chegou a classificar Zema como um “Traidor da Pátria”. “É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, afirmou Flávio Dino em suas redes sociais.
Zema, que rivaliza com o presidente Lula (PT), já tinha sido alvo de contestações por afirmações que distinguiam o Nordeste e foram classificadas como xenófobas e preconceituosas. Após as críticas, Zema afirmou na noite deste domingo que “a união do Sul e Sudeste jamais será para diminuir outras regiões”. Em uma postagem, ele escreveu que “não é ser contra ninguém, e, sim, [ser] a favor de somar esforços” e que “diálogo e gestão são fundamentais para o país ter mais oportunidades”. Zema concluiu dizendo que “a distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil está no trabalho em união”.
(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)