Jornalistas dizem que só faltam generais e o capitão na cadeia de comando do golpe

Os jornalistas José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar fizeram uma análise minuciosa sobre o que a Polícia Federal descobriu até agora sobre a cadeia de comando do golpe de Estado elaborado por alguns oficiais, na tentativa de impedir a posse de Lula e a manutenção de Jair Bolsonaro na presidência do país.

Análise se baseia nas gravações e troca de mensagens em plataformas digitais entre o tenente-coronel Mauro Cid, o faz-de-tudo de Bolsonaro, e subalternos no Exército.

Na avaliação que fizeram, durante o programa de TV do portal UOL, os jornalistas chegaram à conclusão idêntica.

Na cadeia de comando do golpe, segundo apurou a Polícia Federal até agora, tem sargento, tem major, tem coronel e tem tenente-coronel.

Faltam generais e, mais importante, o capitão.

Nas investigações sobre a tentativa frustrada de golpe de estado por bolsonaristas, a Polícia Federal já descobriu uma cadeia de comando similar à escada de patentes de oficiais do Exército: Vai do ex-major Ailton Barros ao tenente-coronel Mauro Cid, passando pelo coronel Élcio Franco.

Não entra na conta o sargento Luis Marcos dos Reis, que não chegou ao oficialato.

Dos quatro, três estão presos, acusados de diferentes crimes. Só Franco segue livre.

Os investigados deixaram uma trilha de mensagens e documentos em seus celulares e em plataformas de armazenamento de dados na “nuvem”. Entre os documentos apreendidos pelos investigadores estão a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem, a chamada GLO, que, se assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro, daria poder ao Exército para intervir em Brasília. A desculpa seriam “graves perturbações à ordem”.

Esse decreto da GLO vai ao encontro de outra minuta, encontrada na casa de Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro que também foi preso e, depois, solto com tornozeleira. Essa minuta apócrifa previa decretação de estado de defesa para intervir no Tribunal Superior Eleitoral e anular o resultado da eleição presidencial de 2022.

Entre as mensagens de voz e texto trocadas pelos militares conspiradores há a proposta de sublevar uma unidade de elite do Exército baseada em Goiânia, a cerca de 200 km de Brasília, para prender autoridades na capital como o ministro doo Supremo Alexandre de Moraes, presidente do TSE.

O conjunto de evidências levou o próprio Moraes a escrever em seu despacho que o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens e braço de direito de Bolsonaro, “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”. Indagado sobre os planos golpistas pela Polícia Federal, Cid se calou.

O que falta? Falta descobrir se houve ou não envolvimento de oficias de patentes superiores à dos golpistas presos, mais especificamente, a de generais que ocupavam cargos civis no governo Bolsonaro e do próprio presidente da República, que, derrotado nas urnas, seria o maior beneficiado pela trama. (Foto: TV UOL)

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