Henrique Acker (correspondente internacional) – Um encontro de Ministros de Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), realizado em Praga em 30 e 31 de maio, decidiu pela liberação do uso de armas fornecidas à Ucrânia pelos países da OTAN no bombardeiro de alvos militares em território russo. Aguarda-se para as próximas semanas um anúncio de envio de técnicos militares franceses para a Ucrânia.
A decisão, articulada nos últimos dias pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e Emmanuel Macron (Presidente da França), atendeu ao pedido de Kiev. Volodomyr Zelensky, que se encontra numa rodada de visitas para fechar acordos e arrecadar fundos de guerra em países da Europa, definiu a decisão como “um passo em frente”. Os dirigentes europeus alegam que, de acordo com a Carta da ONU, a Ucrânia tem o direito de se defender da agressão russa.
Brincando com fogo
Já em 28 de maio, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que, ao falar sobre ataques dentro da Rússia, os representantes dos países da OTAN “deveriam estar cientes do que estão brincando”.
“Sabemos (…) que as armas de fabricação norte-americana já estão sendo utilizadas para tentar atingir o território russo”, disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, a jornalistas. “Isto mostra de forma bastante eloquente o grau de envolvimento dos Estados Unidos neste conflito”, afirmou Peskov, citado pela agência francesa AFP.
Dmitry Medvedev, o ex-presidente russo e atual vice-presidente do concelho de segurança do país, classificou a decisão de Biden como uma “séria escalada do conflito”.
As forças russas iniciaram exercícios militares perto da fronteira da Ucrânia na semana passada, simulando o uso de armas nucleares táticas, num movimento que Moscou disse ser um aviso ao Ocidente para não aumentar ainda mais as tensões. Segundo o governo ucraniano, há cerca de 300 mil soldados russos na fronteira nordeste, próximo de Kharkiv, segunda maior cidade do país.
Conferência dos aliados da Ucrânia
As armas que podem ser usadas pelas forças ucranianas para atingir alvos em território russo são os mísseis Storm Shadow (inglês) e Scalp (francês), com alcance até 200 quilômetros de distância. O mais poderoso é o Atacm, de fabricação estadunidense, que atinge alvos a 300 quilômetros.
O encontro de Praga serviu de evento preparatório para a Conferência dos 75 anos da OTAN, a realizar-se em Washington em julho deste ano. Sem citar a chamada conferência de paz, convocada para 15 e 16 de junho na Suíça, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, adiantou que “ajuda militar dos países da Aliança Atlântica à Ucrânia deve atingir pelo menos 40 bilhões de euros por ano, durante o tempo que for necessário”. Stoltenberg também anunciou que pretende acelerar a adesão da Ucrânia à OTAN.
Sobre o encontro na Suíça, sem a presença da Rússia, o major-general Carlos Branco, comentarista da CNN Portugal foi taxativo: “Procurar este tipo de iniciativa quando não está presente um dos atores do conflito parece-me algo sem efeito”.
A China também já anunciou que dificilmente comparecerá ao evento, promovido pelo governo da Ucrânia e seus aliados. Pequim pretendia que a conferência fosse reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, que houvesse uma participação igual de todas as partes, que permitisse uma discussão justa de todas as propostas de paz.
Na imagem, ilustração do míssil ATACM, de fabricação norte-americana.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
https://tass.com/world/1796091
