O cancelamento da COP do Agro, evento que vinha sendo articulado para ocorrer em Marabá (PA) com a presença de governadores e representantes do setor agropecuário, acentuou o mal-estar entre produtores rurais e o governo do estado. A decisão foi motivada pela rescisão do contrato de locação do Hangar de Marabá, espaço que seria palco do evento, sob a justificativa de que o local estaria reservado para atividades preparatórias da COP 30, marcada para novembro de 2025, em Belém.
Segundo a organização da COP do Agro, o evento vinha ganhando projeção nacional e já contava com presenças confirmadas dos governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO), entre outras lideranças do agronegócio. O objetivo era discutir caminhos sustentáveis para a produção rural, com ênfase em temas como regularização fundiária, desmatamento ilegal e investimentos em tecnologias de baixo carbono.
No entanto, o cancelamento repentino foi interpretado pelo setor como parte de um processo de exclusão deliberada do agronegócio paraense das discussões centrais da COP 30. Representantes da cadeia produtiva local afirmam que o segmento, responsável por uma fatia expressiva da economia do Pará, foi ignorado pela organização oficial da conferência climática da ONU.
Produtores rurais acusam o governador Helder Barbalho (MDB) de evitar o debate com o setor, por não ter, segundo eles, respostas claras para questões consideradas sensíveis, como os impasses nas Terras Indígenas Apyterewa e Jamanxin, além do avanço da insegurança jurídica em áreas produtivas do estado. “O agronegócio é tratado como vilão, mas seguimos sem diálogo, mesmo sendo parte da solução”, afirmou um representante do setor produtivo, que pediu anonimato.
O Pará é um dos maiores exportadores de grãos, carne e minérios do país, e o sul do estado concentra uma das fronteiras agrícolas mais ativas da Amazônia. Só em 2024, O Pará exportou cerca de US$ 750,5 milhões em carne bovina, o equivalente a 94 % das exportações de carne do estado representando um aumento de 46,7 % em relação a 2023. A informação foi publicada no Portal do Agronegócio. A China liderou as compras com US$ 509,18 milhões (67,85%), seguida por Israel (9,72%), Hong Kong (5,92%), Emirados Árabes Unidos (3,19%) e Singapura (1,13%).
Apesar disso, o setor agropecuário local alega que não foi incluído nas comissões temáticas ou grupos de trabalho preparatórios da COP 30.
Diante da exclusão, lideranças do agro avaliam formas de reagir politicamente e prometem anunciar, nos próximos dias, um plano alternativo de participação nas discussões ambientais da conferência , ainda que fora da agenda oficial.