Medidas de Haddad são criticadas por ministros em reunião com Lula

Conforme informado pela repórter Andreia Sadi, da GloboNews, o presidente Lula (PT) se reuniu com seus ministros na Granja do Torto para tratar da crise de popularidade que seu governo está enfrentando, a qual, de acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada na última sexta-feira (14), alcançou patamares históricos.

Na reunião realizada dois dias depois, no domingo (16), foi oferecido ao presidente o seguinte panorama: desde a início do terceiro mandato de Lula, as iniciativas que mais impactaram negativamente o governo vieram do Ministério da Fazenda.

Fernando Haddad, que comanda o ministério, não participou da reunião. O ministro encontra-se fora do Brasil em uma viagem ao Oriente Médio desde o dia 14 de fevereiro, e sua volta está prevista para a madrugada da próxima quinta-feira (20).

De acordo com as informações coletadas pelo blog, estavam presentes os principais integrantes do governo no Palácio do Planalto: Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Comunicação). Também marcaram presença a presidente do PT, Gleisi Hoffmann — que é considerada para assumir o lugar de Márcio Macedo na Secretaria-Geral — e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

O evento contou ainda com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e do senador e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

Conforme informações divulgadas ao blog, o diagnóstico atribuído a Lula indica que a crise das blusinhas, em 2023, e a do PIX, em 2024, foram os fatores que mais impactaram negativamente a reputação do governo, gerando grande repercussão tanto nas redes sociais quanto na vida real e no dia a dia das pessoas.

As duas iniciativas foram elaboradas pelo time técnico do Ministério da Fazenda, especialmente pela Receita Federal, e receberam a aprovação de Haddad.

Além da situação das blusas e do PIX, também foi abordada a alta nos preços dos alimentos, que representa o terceiro desafio para o governo. Contudo, a conversa se expandiu para uma análise mais abrangente, relacionada ao fortalecimento do dólar, sem atribuir a responsabilidade à pasta da Fazenda.

 

Dificuldade de interação.

Durante a reunião,  prossegue Sadi, foi identificado que realmente existe uma falha na comunicação e que a sociedade tem pouco conhecimento sobre as ações governamentais voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população.

Em estudos realizados internamente pelo governo, constatou-se que os entrevistados não conseguiam identificar a nova marca da administração nem as alterações nos programas já existentes. “Há uma carência de informação”, revelou uma fonte ao blog.

O plano do governo é reforçar o novo modelo de comunicação nos próximos meses e, ao mesmo tempo, alterar a abordagem: direcionar a atenção para os serviços voltados ao cidadão.

 

Fritura do Haddad

Desde o começo da administração, tem ocorrido uma rivalidade nos bastidores entre Haddad e um grupo no Planalto, sob a liderança de Rui Costa. Há um movimento em favor da demissão de Haddad e de alguns de seus colaboradores.

As deliberações do governo, como a suspensão da supervisão do Pix em 15 de janeiro e o anúncio simultâneo do plano de redução de despesas junto à isenção do Imposto de Renda (IR) para rendimentos de até R$ 5 mil, resultaram em uma derrota para Haddad. O ministro, que se opunha à divulgação conjunta, ficou em minoria e, além disso, teve que comunicar ele mesmo as novas diretrizes.

O rumo que a situação tem tomado revela que Lula tem se inclinado mais para Rui Costa em vez de Haddad.

Rui Costa, por sua vez, desempenhou um papel fundamental na argumentação a favor da anulação da norma que aumentava a supervisão sobre o Pix.

Aliados do ministro da Fazenda, Haddad, argumentam que ele apresentou propostas econômicas, mas está isolado na luta por um ajuste fiscal. Eles também consideram que ele poderia assumir a Casa Civil, mas assessores de Lula veem essa opção como pouco provável, pois o presidente conta com Rui Costa como uma figura de destaque.

Na avaliação de Andreia Sadi, o contexto dessa conversa é, sem dúvida, a continuidade de Lula em 2026, algo que Rui Costa já expressou vontade de conduzir. No entanto, o ministro frequentemente enfrenta críticas por supostamente afastar Lula, complicando a participação direta do presidente nas dinâmicas políticas(Foto: Adriano Machado/Reuters)

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