O Supremo Tribunal Federal (STF) observa com ceticismo as ações relacionadas ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e a pressão para que, se eleito presidente do Senado, ele avance com iniciativas que visem reabilitar politicamente Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente foi considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030, o que impede sua participação nas próximas corridas eleitorais para a presidência.
“A ideia de que Davi Alcolumbre possa avançar com algo assim é encarada pelo Supremo com grande ceticismo, ao ponto de parecer irônica”, destacou a jornalista Daniela Lima, da GloboNews. Segundo a análise feita no tribunal, Alcolumbre estaria mais alinhado aos interesses do STF do que aos do grupo político de Bolsonaro, e por isso não deve arriscar suas relações com ministros importantes em favor do ex-presidente.
Alcolumbre é uma das figuras centrais nas apurações referentes ao denominado “orçamento secreto”, um sistema de transferência de emendas parlamentares sem clareza que operou durante a administração Bolsonaro. Durante a plena operação desse mecanismo, ele tinha a responsabilidade de gerenciar os repasses no Senado. Atualmente, seu principal objetivo é permanecer livre de consequências dessas investigações e encontrar uma maneira de preservar um modelo alternativo de alocação de emendas que beneficie o Congresso.
“Ele é um dos protagonistas que deseja não apenas esclarecer os eventos, saindo sem danos, mas também encontrar uma maneira de preservar o orçamento secreto, possivelmente fazendo um acordo com o STF, especificamente com o ministro Flávio Dino”, contou Daniela Lima.
A relação de Alcolumbre com determinados ministros do STF aumenta a impressão de que ele não se mostraria disposto a apoiar uma agenda de recuperação de Bolsonaro. A análise sugere que qualquer ação nesse aspecto poderia ser desfeita mais tarde pelo próprio Supremo, tornando a estratégia política de Alcolumbre um risco sem possibilidade de retorno. (Foto: Agência Senado)