Com o avanço das inovações e da conectividade, os automóveis atuais apresentam recursos tecnológicos que proporcionam conforto aos motoristas, porém, ao mesmo tempo, podem tornar o roubo de veículos mais fácil.
A chave que funciona de forma direta, permitindo desbloquear portas e iniciar o veículo apenas pela proximidade, sem precisar retirá-la do bolso, ilustra esse risco: criminosos conseguem reproduzir essa chave sem sequer entrar em contato físico com ela.
O esquema, que também afeta PCs e outros aparelhos eletrônicos, é uma técnica de hacker chamada “ataque de retransmissão” e requer a colaboração de duas pessoas mal-intencionadas.
A dupla criminosa distribui tarefas. O processo ocorre da seguinte maneira: o primeiro membro da equipe transporta em uma mochila um equipamento que, ao se aproximar, “captura” o código da chave presencial e o envia para outro dispositivo, que pode ser um celular equipado com um software apropriado.
Utilizando esse dispositivo, o segundo criminoso, que está ao lado do veículo, consegue abrir as portas, ingressar na cabine e fugir com o carro.
Tudo ocorre de forma ágil, sem que a pessoa afetada note, e a atividade demanda ferramentas que podem ser facilmente obtidas online, a um custo bastante acessível.
“Acredito que isso seja apenas o começo de um fenômeno que se tornará significativamente maior no Brasil. O número de carros suscetíveis a essa metodologia é considerável e tende a aumentar. Atualmente, é mais simples roubar um veículo sem chave do que um modelo tradicional, o que impulsiona esse tipo de crime“, afirma Ricardo Tavares, especialista em segurança digital.
Uma reportagem da RecordTV exibida em 2022 revelou o roubo de dois automóveis que possuíam sistema de chave inteligente, conforme a descrição de Tavares. Uma das vítimas teve sua chave duplicada em uma padaria na cidade de São Paulo.
Métodos diversos
Tavares esclarece que as chaves físicas operam através de um sinal de rádio que é transmitido em forma de pulsos, mantendo uma comunicação constante com os sensores do carro.
Este sinal possui um código de segurança que precisa ser identificado pelo veículo para permitir a desbloqueio das portas e o início do motor.
De acordo com o especialista, a tecnologia empregada hoje pelas fabricantes de veículos segue o mesmo conceito, mas algumas marcas incorporam “camadas” extras de proteção e codificação.
Alguns veículos criam um novo código aleatoriamente cada vez que são trancados, enquanto outros mantêm o mesmo código por tempo indefinido. Assim, se um carro for recuperado após esse tipo de roubo, sugiro que você procure uma concessionária para realizar a recodificação da chave correspondente.
Segundo Tavares, certos modelos sem chave apresentam maior resistência à clonagem do sinal em comparação a outros.
“A responsabilidade recai sobre as fabricantes de veículos, várias das quais têm disponibilizado chaves físicas que apresentam riscos à segurança.”.
Mesmo rastreado, veículo ainda pode ser roubado.
Após a obtenção do automóvel roubado, os bandidos utilizam um aparelho conhecido como “jammer” para bloquear a localização de veículos que possuam sistema de rastreamento. Esse dispositivo “interfere” no sinal de monitoramento, conforme explica Rafael Narezzi.
“Isso demonstra como os delinquentes estão se adaptando no ambiente digital. Eles conseguem até roubar veículos equipados com serviços de monitoramento.“.
Imediatamente após o roubo, os criminosos alteram o sinal de localização, evitando qualquer registro do caminho percorrido após a ação.
Isso ocorre por um curto espaço de tempo. Depois, geralmente deixam o veículo em um lugar público, porém pouco movimentado, e ficam à espera para verificar se alguém virá buscá-lo.
Se não for atendido, eles retiram o dispositivo de monitoramento e organizam toda a logística necessária para garantir que o veículo seja realmente transportado.
De que maneira prevenir
Há uma alternativa bastante acessível e eficaz para se proteger contra esse tipo de ataque. É viável adquirir online um tipo de caixa que serve para acomodar a chave do carro. Esse dispositivo bloqueia o sinal de rádio enviado pela chave, evitando que criminosos consigam ‘capturar‘ o código.
Uma alternativa ainda mais simples é envolver a chave com papel alumínio, ressalta Ricardo Tavares.