A Polícia Federal abriu uma frente de investigação para apurar o vazamento da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Nesta sexta-feira (6), o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens, prestou depoimento à PF no Rio de Janeiro (RJ) e foi questionado sobre as tentativas do entorno de Jair Bolsonaro para ter acesso às declarações feitas pelo tenente-coronel no âmbito da colaboração premiada. O general negou ter vazado informações sobre o acordo.
“No relatório final do inquérito de tentativa de golpe de Estado, a PF apontou que, em cima da mesa de um assessor do general Walter Braga Netto, na sede do PL, havia um documento que descrevia perguntas e respostas relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado pelo ex-ajudante de ordens.”
“O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho”, diz o relatório.
O documento traz perguntas sobre a “minuta do artigo 142” e sobre o general Mario Fernandes, preso acusado de ser o autor do plano Punhal Verde e Amarelo, que consistia na execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No papel localizado pela PF, ainda há questionamento sobre a atuação das Forças Especiais nos dias 12 e 24 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. “Respectivamente, nas datas em que houve incêndio de veículos em frente à sede da PF em Brasília, mesmo dia da diplomação do presidente Lula; quando uma bomba em um caminhão-tanque foi localizada próximo ao aeroporto de Brasília, e na data dos ataques às sedes dos três Poderes.”
“Em um trecho do documento, a pergunta é: ‘O que está saindo na imprensa e não foi delatado?’”
“O contexto do referido documento confirma que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do acordo de colaboração firmado por Mauro Cesar Cid com a Polícia Federal”, diz.
O relatório também aponta, com base em uma troca de mensagens entre general Mario Fernandes e o coronel Jorge Kormann, que os pais de Mauro Cid teriam conversado com os generais Braga Netto e Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e informado que “é tudo mentira” o conteúdo de reportagens publicadas na imprensa. (Foto: Divulgação/Alesp)