Por Henrique Acker – O Maccabi Tel Aviv, clube israelense, passou vergonha dentro e fora de campo em Amsterdã. O time de futebol foi goleado pelo Ajax por cinco a zero, na Liga Europa. Antes do jogo, em 7 de novembro, seus torcedores concentraram-se no Centro da capital holandesa.
Na Praça Dam acenderam sinalizadores, depredaram um táxi, provocaram pessoas que usavam lenços e outros símbolos palestinos, bem como transeuntes com fisionomia árabe. Durante a partida, desrespeitaram o pedido de um minuto de silêncio em memória dos mortos das enchentes de Valência.
Manifestação pró-Palestina
A comunidade palestina e os grupos de solidariedade contra o genocídio de Gaza marcaram concentração próximo ao estádio, para protestar contra a participação das equipes israelenses em competições desportivas internacionais. No entanto, por ordem da Câmara Municipal, o protesto foi transferido para o Centro da cidade.
Segundo ativistas pró-palestina entrevistados pela Al Jazeera, a concentração era pacífica até a chegada dos hooligans israelenses. De acordo com depoimentos, as pessoas reagiram para se defender e às suas casas e lojas. Entre os insultos dirigidos aos manifestantes, ouviu-se “Não há escolas em Gaza porque já não há crianças”.
Vídeos exibidos pela internet mostram israelenses retirando uma bandeira palestina da fachada de um prédio. Numa das entradas do Metrô, entoaram cânticos que saudavam as IDF (exército israelense), incitando a violência, como “Olê, olê, deixem o IDF vencer, nós foderemos os árabes”.
Moradores reagiram a provocações
Ao anoitecer, após a partida, grupos de moradores holandeses e árabes solidários à causa Palestina decidiram revidar às provocações. A confusão foi generalizada, com correria, brigas, feridos e dezenas de detidos. Num dos vídeos, as imagens mostram pessoas que cercaram um torcedor israelense, exigindo que gritasse “Palestina livre”.
Cinco israelenses ficaram feridos e foram levados a hospitais. Cerca de 60 pessoas foram detidas. Benjamin Netanyahu comparou o acontecido aos “progroms”, manifestações antissemitas violentas comuns em países do Leste da Europa antes da II Guerra Mundial.
O serviço secreto israelense (Mossad) emitiu alerta com antecedência às autoridades holandesas, que não conseguiram evitar os confrontos. Ou seja, o Estado de Israel já previa a possibilidade de tumultos com a presença dos torcedores israelenses em Amsterdã.
Diante dos acontecimentos, o governo israelense exigiu a apuração dos fatos e enviou dois aviões para assegurar o retorno dos torcedores do Maccabi ao país.
Versões contraditórias
O primeiro-ministro dos Países Baixos, a prefeita da cidade e a presidente da União Europeia, Úrsula von der Leyen, seguiram a mesma linha de Netanyahu, classificando os acontecimentos como atos antissemitas. Foi essa a interpretação dada pela mídia empresarial na Europa e no mundo, com raras exceções.
No entanto, o chefe de polícia de Amsterdã, Peter Holla, disse que uma grande multidão de torcedores do Maccabi se reuniu na Praça Dam na quinta-feira na hora do almoço, onde houve “brigas de ambos os lados”.
Em entrevista à TV Al Jazeera, do Qatar, o deputado municipal Jazie Veldhuyzen acusou os torcedores israelenses de atacar casas de pessoas que tinham bandeiras palestinas. A partir daí, “os habitantes de Amsterdã mobilizaram-se e fizeram frente aos ataques que começaram na quarta-feira por parte dos hooligans do Maccabi”, acrescentou.
Apesar dos incidentes na Holanda, o governo francês confirmou a realização da partida entre as seleções de futebol francesa e israelense na próxima quinta-feira, em Paris, pela Liga das Nações. Quatro mil policiais serão mobilizados para as imediações do Stade de France.
O Conselho de Segurança de Israel emitiu comunicado pedindo aos cidadãos israelenses que evitem comparecer a eventos culturais e esportivos em que o país esteja representado. (Foto: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
——————
Fontes: