No Brasil, os “nem-nem” eram 20,6% em 2023. Comparativamente, eram 16,1% na Argentina, 12,9% na China, 12,2% na Rússia, 25,9% na Índia e 31,7% na África do Sul. Segundo relatório da organização, a recuperação do emprego pós-pandemia da Covid-19 não foi homogênea
O nível de pessoas entre 15 e 24 anos que não trabalham nem estudam — chamados de “nem-nem” — se manteve praticamente estável no Brasil em 2023 ante o ano anterior, mas segue bastante atrás de vizinhos, como Argentina e Chile. Os números são do relatório Tendências Globais de Emprego Juvenil 2024, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O levantamento mostra que no ano passado o nível da população dos jovens que não estudavam nem trabalhavam estava em 20,6%. Em 2022, o percentual atingia 20,9%. Mesmo com essa melhora marginal, o índice do Brasil é muito pior que dos vizinhos. Na Argentina essa legião de “nem-nem” representa 16,1%, enquanto no Chile e Bolívia a margem chega a 15,3% e 9,5%, respectivamente. Ainda para efeito comparativo, em outros países do mundo: na China, 12,2% na Rússia, 25,9% na Índia e 31,7% na África do Sul.
O dado liga o sinal de alerta do governo, ainda que o país tenha apresentado as menores taxas de desemprego da última década e realizado grande movimentos para evitar a evasão escolar, a exemplo do programa Pé-de-Meia. Olhando para dados globais, um em cada cinco jovens no mundo estava nessa situação. Segundo relatório da organização, a recuperação do emprego pós-pandemia da Covid-19 não foi homogênea, principalmente com limitações nas economias emergentes e em desenvolvimentos.
No ano passado, a média mundial dos “nem-nem” era de 20,4%, o que representa 256 milhões de jovens na faixa etária indicada. Desse valor, duas em cada três dos que não trabalham ou estudam eram mulheres. A taxa é similar à média nacional, portanto o Brasil encontra-se exatamente no péssimo ritmo mundial em que não se oferece oportunidades aos jovens.
Os resultados mundiais “daqueles que não estudam nem trabalham entre as mulheres jovens duplicou em comparação com a dos homens jovens, com 28,1% e 13,1%, respectivamente, em 2023”, revela o relatório.
O relatório indica que as taxas crescentes de desemprego em todo o mundo durante a pandemia de COVID-19 apresentaram recuperação após o período, no entanto, não de forma universal. Este fenômeno que ocorre em todo o mundo, conforme o estudo, provoca ansiedade nos jovens – que são considerados os mais instruídos da história.
“Nenhum de nós pode esperar um futuro estável quando milhões de jovens ao redor do mundo não têm trabalho decente e, como resultado, estão se sentindo inseguros e incapazes de construir uma vida melhor para si e suas famílias. Sociedades pacíficas dependem de três ingredientes principais: estabilidade, inclusão e justiça social; e o trabalho decente para os jovens está no cerne de todos os três”, diz Gilbert F. Houngbo, diretor-geral da OIT.
O documento da OIT defende como medidas que ocorra investimentos maiores para a criação de empregos, em especial para jovens mulheres, além do fortalecimento de instituições que apoiam jovens em programas de treinamento para o mercado de trabalhos e educação.
(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)