Quais os próximos passos das equipes que trabalham no local do desastre aéreo

Com a conclusão da retirada dos corpos das 62 vítimas do desastre aéreo em Vinhedo (SP), a remoção dos motores e cauda do avião para a perícia, os próximos passos das equipes no local incluem o envio dos destroços ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que prevê um relatório preliminar sobre as causas do acidente em 30 dias.

Laís Marcatti, tenente do Corpo de Bombeiros, explicou que o trabalho por parte da corporação se encerrou após a retirada dos motores e cauda para uma área mais acessível, onde a empresa Voepass fará o recolhimento para envio à perícia.

Às 9h deste domingo (11), o Corpo de Bombeiros informou que as equipes finalizaram a mobilização às 22h45 de sábado (10) e que os escombros permaneciam no local sob responsabilidade do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Os bombeiros recolheram, ainda no sábado, os equipamentos logo depois de os caminhões da Voepass retirarem os motores do ATR-72-500. Após essa etapa, a área do acidente permanece interditada até a retirada de todo material da fuselagem que se encontra no terreno da casa.

 

O acidente

Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas. A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20. O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar. Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.

De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. A velocidade dessa queda foi de 440 km/h. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.

A aeronave caiu sem controle e girando no ar, mostram vídeos gravados do momento do acidente, num aparente estol. A análise das caixas-pretas, que incluem o gravador de voz e o gravador de dados, é fundamental para ajudar esclarecer o que ocorreu no voo 2283. As equipes que trabalham na tragédia encontraram “um desenho da aeronave no chão”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o avião da Voepass “caiu chapado” no terreno, apresentando a área da cabine mais preservada e com grande destruição por conta do incêndio da metade para a cauda.

Conforme o capitão Maycon Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, as características dos destroços direcionaram os trabalhos para retirada das vítimas, começando pela cabine e terminando na cauda. Um fator que auxiliou nos trabalhos de retirada dos corpos é o terreno onde o avião caiu. O quintal da residência possui um gramado amplo, que favorece a movimentação de peças pesadas, permitindo o acesso aos corpos.

“O avião caiu no quintal dessa residência, é um gramado amplo. A gente consegue tirar as peças mais pesadas, aquilo que tá obstruindo para chegar a vítima, consegue movimentar desse terreno, tem espaço para isso. Tira do lugar que caiu e movimenta. Criamos uma área de depósito. O terreno plano e gramado, de certo modo, facilitou nosso trabalho”, completou o capitão.

Os trabalhos nos escombros contaram com equipes que já atuaram em tragédias como as enchentes do Rio Grande do Sul, o terremoto na Turquia e no temporal de São Sebastião (SP). De acordo com o coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante geral da Policia Militar de São Paulo, “a presença de homens e mulheres que já atuaram em outras tragédias garante a organização desse trabalho difícil”.

 

Investigação

A Polícia Civil informou no sábado que o inquérito será instaurado na delegacia de Vinhedo para apurar todos os fatos relativos ao acidente.

Delegado titular da 1ª Seccional de Campinas, José Antônio Carlos de Souza ressaltou o trabalho de compartilhamento de informações entre todas as instituições envolvidas para minimizar o sofrimento dos familiares.

Já o superintendente da Polícia Federal, Rodrigo Sanfurgo, destacou que a PF empregou seus melhores equipamentos e profissionais, e que só sairá de Vinhedo “quando os trabalhos forem finalizados”.

“Difícil falar em prazo, mas nós podemos afirmar que estamos trabalhando incansavelmente para finalizar esse trabalho e confortar todas as famílias. Estamos entregando todo nosso esforço”, disse Sanfurgo. (Foto: Reprodução)

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