Nota diz que presidente venezuelano foi alvo de “campanha fascista” e diz repudiar “qualquer tentativa de intervenção estrangeira e desestabilização interna”: “democracia com protagonismo popular venceu”
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e 11 entidades publicaram uma nota em defesa da reeleição de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, de esquerda) na Venezuela nesta segunda-feira (29). O documento publicado no X (antigo Twitter), com o título “Movimentos populares defendem a vitória do povo venezuelano com a reeleição de Nicolás Maduro” diz repudiar “qualquer tentativa de intervenção estrangeira e desestabilização interna”.
No comunicado, publicado ainda de madrugada, a entidade destaca que, “com 80% dos votos contabilizados”, o candidato venceu com mais de 51% dos votos, derrotando nove candidatos opositores, “incluindo a extrema direita, que promove uma campanha de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”.
“Essa eleição é central para a geopolítica, por um lado, por ser uma nação que constrói um processo socialista e aliado dos povos ao redor do globo, por outro lado, por possuir a maior reserva comprovada de petróleo do mundo, o que desperta tentativas de controle e subordinação por parte do imperialismo estadunidense”, afirma a nota.
Para o MST, as alegações de fraude no pleito venezuelano seria uma “campanha fascista” promovida pela extrema direita no país e internacional, “que antes mesmo da votação e dos resultados já bradavam fraude e não respeito aos resultados, a soberania do povo venezuelano e o seu direito ao voto prevaleceram”.
“A transparência e o rigor marcaram a jornada eleitoral, que contou com diversas auditorias e mais de 900 observadores e acompanhantes do processo eleitoral de mais de 100 países. Nós, membros de dezenas de organizações sociais, partidos e movimentos populares brasileiros, somos prova da idoneidade e lisura do processo, e viemos a público parabenizar Maduro e o povo venezuelano por sua reeleição”, diz o comunicado, que aponta, ainda, que a “maioria decidiu pela continuidade da Revolução Bolivariana”.
A nota é assinada pelo MST e pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Comitê Brasileiro de Solidariedade com a Venezuela, Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM), Organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE), Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Movimento Kizomba, Levante Popular da Juventude e União da Juventude Socialista (UJS).
Do lado do governo brasileiro, há cautela e o Itamaraty afirmou que aguarda a divulgação dos dados oficiais do pleito venezuelando para, então, se posicionar sobre o tema. “O governo brasileiro saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração”, diz nota divulgada pelo Itamaraty nesta manhã. “Reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”, acrescenta.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou a Caracas o seu assessor especial para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, para acompanhar o pleito e a apuração dos votos. Ele deve se reunir ao longo das próximas horas com chavistas e oposição para avaliar o cenário político venezuelano.
(Foto: CNN Brasil)