Witzel pediu vaga no STF para blindar Flávio em investigação, diz Bolsonaro em gravação

Gravação foi obtida pela Polícia Federal na investigação sobre a Abin Paralela. Sigilo foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF

 

O ex-presidente Jair Bolsonar (PL) afirmou, em reunião com o então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL), que o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel prometeu “resolver” a investigação sobre “rachadinha” do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em troca de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-governador nega.

A conversa entre Bolsonaro, Ramagem e advogadas de Flávio, filho 01 do ex-presidente, foi registrada em áudio, que teve o seu sigilo derrubado pelo STF nesta segunda-feira. “O ano passado [2019], no meio do ano, encontrei com o Witzel (…) Ele falou: ‘eu resolvo o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo'”, disse Bolsonaro durante a conversa realizada em agosto de 2020 na qual estavam presentes também o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.

O ex-presidente complementou: “Então, você sabe o que que vale você ter um ministro irmão teu no Supremo”.

Na gravação obtida pela Polícia Federal, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, participam da conversa com as advogadas de Flávio. Após a revelação de Bolsonaro, as mulheres se surpreendem e Bolsonaro diz que a vaga seria para o juiz Flávio Itabaiana, responsável por julgar a suspeita de rachadinha cometida no gabinete do filho.

A conversa de 1 hora e 8 minutos teria sido feita pelo próprio Ramagem, em 25 de agosto de 2020. Ele propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio para anular as investigações, e Bolsonaro concorda. A estratégia foi colocada em prática, e o processo contra o parlamentar foi arquivado em 2022.

 

Witzel nega

A apuração contra o senador ocorria no âmbito estadual, porque envolvia a atuação de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em nota, o ex-governador afirmou que nunca manteve qualquer relação com o juiz Flávio Itabaiana, então responsável pelo processo contra Flávio.

“Jamais ofereci qualquer tipo de ‘auxílio’ a qualquer um durante meu governo. O presidente Jair Bolsonaro deve ter se confundido e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos, seja por confusão mental, diante de suas inúmeras preocupações, seja por acreditar que eu faria o que hoje se está verificando com a Abin e Policia Federal. No meu governo a Polícia Civil e Militar sempre tiveram total independência”, ressaltou.  (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

 

Confira o áudio na íntegra: audio e texto

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