Apesar das críticas de Lira à articulação política do governo, Padilha continua como líder do governo
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se reuniu, na manhã desta sexta-feira (9), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada, por cerca de uma hora. O encontro ocorre quatro dias após o parlamentar fazer um discurso acima do tom contra a articulação política do governo federal. Ao sair do Planalto, Lira foi objetivo e disse que a “hora é de olhar pra frente”. “Eu falei tudo o que eu tinha para falar”, teria afirmado Lira a um aliado, conforme relato da CNN. O mesmo interlocutor declarou que, segundo o deputado, a conversa foi “muito boa” e a crise entre Legislativo e Executivo está “zerada”.
Embora o Centrão tenha pedido a demissão de Alexandre Padilha do Ministério das Relações Institucionais, Lula não cedeu. Em contrapartida, o presidente da República se comprometeu a ter um canal mais direto com Lira, por meio de Valmir Moraes da Silva, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência. Aliados de Lira também vazaram à imprensa que Lula teria escalado o ministro Rui Costa, da Casa Civil, como novo interlocutor entre o governo federal e a Câmara. A informação foi negada por Padilha. “Não, pelo contrário”, disse o ministro. “O presidente, no diálogo conosco, reafirmou o papel daquilo que ele tem dito desde o começo – do papel do Ministério das Relações Institucionais, do trio de líderes, da Câmara, Senado e Congresso. Reafirmou a confiança e a diretriz da atuação.”
De acordo com Padilha, o discurso duro de Lira na abertura do ano legislativo não é motivo de preocupação. “A questão central é: o governo tem diálogo, o governo nunca rompeu qualquer diálogo e nunca romperá”, enfatizou. “Tenho dito sempre: quanto mais ministros dialogando sob a coordenação do ministério e sob a liderança do presidente Lula, é cada vez melhor.”
Na conversa da manhã, Lula concordou que, quando há acordos, o governo deve cumpri-los. Mas o presidente cobrou satisfação de Lira em relação às suas falas agressivas e provocadoras. O presidente da Câmara lhe disse que tenta buscar sempre o diálogo, mas nem sempre recebe respostas da Articulação Política. Na quarta-feira (7), durante sua visita a Minas Gerais, Lula minimizou as tensões entre os dois Poderes e disse que mantém uma relação de “respeito mútuo” não só com Lira – mas também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A declaração foi dada em entrevista ao jornal Estado de Minas.
Eu destacaria uma reunião que tivemos com investidores americanos em Nova York – eu, Lira e Pacheco, na mesma mesa. Os americanos disseram que isso seria impossível nos Estados Unidos, devido à polarização do país”, comparou Lula. “Divergências são normais. O importante é conseguirmos superá-las para trabalhar juntos no que interessa ao Brasil.”
(Foto: Sergio Lima/AFP)