PF investiga se equipe de Tarcísio forjou atentado para favorecê-lo na eleição de 2022

Em 17 de outubro, um tiroteio foi registrado a 100 metros de uma agenda de campanha do então candidato ao governo de SP. Ao sair do local do tiroteio que acabou com uma pessoa morta, Tarcísio concedeu uma entrevista exclusiva para a Jovem Pan

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) devido a um inquérito aberto em junho de 2023. A PF apura se a campanha do governador forjou um atentado para favorecê-lo eleitoralmente durante a campanha no ano passado. A investigação quer descobrir se a equipe de Tarcísio promoveu uma narrativa falsa de um tiroteio durante um evento de campanha em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, com o intuito de impulsionar sua popularidade nas eleições e obter vantagens eleitorais.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, na portaria que originou o inquérito, o delegado Eduardo Hiroshi Yamanaka apontou para a possível violação do Código Eleitoral e “outras que porventura forem constatadas no curso da investigação”. O inquérito também se baseou nas entrevistas em que o ex-cinegrafista da emissora Jovem Pan Marcos Vinícius Andrade falou sobre ter sido pressionado por assessores de Tarcísio para deletar as imagens do suposto atentado.

Ao sair do local do tiroteio que acabou com uma pessoa morta, Tarcísio ainda concedeu uma entrevista exclusiva para a Jovem Pan. Em um áudio divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, um integrante da campanha diz frases como “você tem que apagar” e “não pode divulgar isso não” ao ex-cinegrafista. No diálogo gravado é possível ouvir Andrade dizendo que “já foi”, ou seja: as imagens já tinham sido enviadas à redação da emissora, que foi a primeira a noticiar o episódio.

Importante notar que o inquérito da Polícia Civil de São Paulo sobre a morte no tiroteio concluiu que o disparo fatal partiu da arma de um policial militar. Também pesa no processo a alteração da cena feita pela Polícia Militar de São Paulo. O Boletim de Ocorrência (BO) lavrado pela Polícia Civil após o episódio mostra que a cena foi alterada.  No BO, um dos policiais que participaram da ocorrência, que terminou na morte de Felipe Silva de Lima, de 27 anos, afirma que o tenente Ronald Quintino Correa Camacho foi até a rua Manoel A. Pinto, onde o corpo do jovem estava e retirou uma lista de objetos da cena do crime.

“Um coldre, celular, relógio, um carregador de pistola, além de diversos cartuchos e estojos, que arrecadou no local, afirmando que seria para que não fossem perdidos ou subtraídos por populares”, informa o policial militar no Boletim de Ocorrência.

Na época, Tarcísio de Freitas se manifestou por nota. “É importante esclarecer que a campanha nunca levantou a tese de atentado. Essa afirmação não foi feita por Tarcísio. Questionamentos sobre a cena do crime devem ser feitos diretamente à polícia, que é quem acompanha as investigações e a quem cabe responder sobre o assunto”. A assessoria do governador alega que o caso já foi analisado pela Justiça Eleitoral, que não encontrou indícios de interferência eleitoral no incidente.

 (Foto: Reprodução)

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