Busca de escolas por soluções para educação socioemocional cresceu 316%

A rotina de trabalho de mães e de pais, os resquícios da pandemia e a tecnologia inserida no dia a dia dos jovens, geraram um alerta em relação à saúde mental de crianças e de adolescentes em todo o país. A educação, como parte essencial da vida, deve levar em consideração essa bagagem emocional dos estudantes, que se refletirá na vida adulta. O trabalho com competências socioemocionais, que visa a promoção de saúde mental nas escolas, está previsto inclusive na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Segundo um levantamento realizado pela Educa — edtech com foco em soluções para o ensino de competências socioemocionais em crianças e jovens no Brasil —, a procura das escolas por soluções voltadas para a educação socioemocional cresceu 316% no primeiro semestre de 2023. Entre janeiro e junho, 250 instituições de ensino buscaram adicionar os estudos socioemocionais em sua grade curricular, enquanto no mesmo período de 2022, apenas 60 colégios sinalizaram esse interesse.

O educador Rossandro Klinjey, psicólogo e embaixador e cofundador da Educa, avalia que as crianças e adolescentes que trabalham as competências socioemocionais são pessoas mais apaziguadas e conseguem render mais nas outras disciplinas.

“Alguém que está apaziguado, que não está se sentindo mal, que se aceita, que se respeita, que sabe dizer não, tem foco para estudar. Quando você não lida com essas questões, essas emoções, elas dificultam a sua capacidade, inclusive de se concentrar nas disciplinas essenciais para conquistar esses vestibulares concorridos que as famílias desejam que os filhos alcancem”, destaca.

 

Conceitos relacionados

A psicopedagoga e neuropsicóloga Tereza Pita destaca que a saúde mental e as habilidades socioemocionais são conceitos relacionados, mas distintos. Enquanto a saúde mental se concentra no estado psicológico e emocional de uma pessoa, as habilidades socioemocionais se concentram nas competências que uma pessoa tem para lidar com suas próprias emoções e interagir com os outros de maneira eficaz.

“A saúde mental está mais associada à presença ou ausência de condições psicológicas, como transtornos de ansiedade ou à depressão, enquanto as habilidades socioemocionais são aquelas que podem ser desenvolvidas para melhorar a qualidade das interações sociais e o bem-estar emocional”, explica Pita.

Ela pontua, no entanto, que a saúde mental e as habilidades socioemocionais estão interconectadas: “Uma boa saúde mental pode proporcionar a base necessária para desenvolver habilidades socioemocionais sólidas. Ambos os aspectos são fundamentais para o bem-estar geral de uma pessoa”.

Tereza avalia que trabalhar a saúde mental na escola é de extrema importância, tendo em vista que essa prática é cada vez mais reconhecida como fundamental para o bem-estar e o desenvolvimento dos estudantes. “Abordar a saúde mental contribui para um ambiente escolar mais positivo. Nele, os alunos deverão conhecer o conceito de saúde mental e seus pré-requisitos básicos”, explica a especialista.  (Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

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