Com 23 votos, ativista indígena foi eleito para a cadeira 5 da academia. Ele concorria com o também líder Daniel Munduruku e com a historiadora Mary del Priore
O escritor Ailton Krenak é a primeira pessoa indígena eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL). A eleição ocorreu nesta quinta-feira (5) e o autor de “Ideias para adiar o fim do mundo”, “A Vida Não é Útil” e “Futuro Ancestral” passa a ocupar a cadeira de número 5, ocupada anteriormente pelo historiador José Murilo de Carvalho, morto em agosto deste ano.
Krenak era favorito desde que postulou sua candidatura, em agosto, mas chegou a ser ameaçado na corrida pela historiadora Mary Del Priore e pelo também líder indígena Daniel Munduruku. No final, obteve 23 votos entre os acadêmicos, contra 12 de Del Priore e quatro de Munduruku. Havia outros 12 candidatos à concorrida cadeira número 5, mas nenhum chegou a ter chance além desses três.
Ele catapultou seu reconhecimento como intelectual, nos últimos anos, por meio da trilogia composta por “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, “A Vida Não É Útil” e “Futuro Ancestral”, que apresentam seu pensamento de forma acessível, adaptados de palestras e textos curtos, e contribuíram para popularizar cosmogonias indígenas pelo país. Mas a atuação do ativista, que acaba de completar 70 anos de idade, remonta a décadas atrás e inclui uma participação decisiva na Assembleia Constituinte, em 1987, quando representava a União das Nações Indígenas e colaborou para incorporar demandas dos povos originários na Carta promulgada no ano seguinte.
Nascido em 1953, Krenak ficou conhecido por ser um dos organizadores da Aliança dos Povos da Floresta, movimento de proteção de reservas na Amazônia. O líder e ativista é autor ainda de “O amanhã não está à venda” e “Lugares de origem”, em parceria com Yussef Campos. Em maio, ele recebeu o título de honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB).
(Foto: Fondation Cartier)
