Interrupção ocorreu devido a falha no sistema nacional de energia, às 8h29, em linhas de transmissão que conectam o país
Uma falha no Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia afetou na manhã desta terça-feira (15) o fornecimento de luz em estados de todas as regiões do país. O primeiro registro ocorreu por volta de 8h29. Logo em seguida, houve uma queda de 25% na carga total do sistema, que começou a se recuperar por volta de 8h40. O Ministério de Minas e Energia afirmou que o apagão interrompeu 16 mil MegaWats (MW) de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil. Estados do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste também foram afetados. O motivo ainda está sendo analisado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Essa interligação é o conjunto de linhas de transmissão que ligam as instalações de geração de energia das regiões Norte e Nordeste com as instalações majoritariamente de consumo da região Sudeste. No momento do apagão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estava no Paraguai, acompanhando a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas decidiu retornar ao Brasil. Silveira determinou a criação de um grupo de trabalho, com MME, ONS e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para averiguar o que ocorreu. “O Ministro Alexandre Silveira já determinou a criação de uma sala de situação e acompanha o processo de retomada, bem como determinou a apuração das causas do incidente”, diz nota divulgada pelo MME.
Existem várias possibilidades de caráter técnico. O ONS avalia se houve um problema na Subestação Xingu, que teria afetado a distribuição da usina de Belo Monte no Pará.
Especialistas no setor dizem que é preciso aguardar a conclusão dos técnicos. A recomposição foi iniciada logo cedo em todas as regiões. A estimativa é que 6 mil MW já tinham sido recompostos até às 9h16. O apagão causou transtornos nas principais cidades do país.
A concessionária Light registrou falta de energia na manhã desta terça no estado do Rio de Janeiro em trechos de bairros das zonas norte e oeste da capital e também em pontos da Baixada Fluminense. Segundo a empresa, o serviço foi restabelecido gradativamente após autorização do ONS. A Light é responsável pela distribuição de energia em 31 municípios do Rio de Janeiro. “A Light informa que a energia foi totalmente restabelecida nas regiões impactadas pela atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema (ONS), na manhã de hoje (15)”, disse a concessionária. “O ERAC é um procedimento que acontece de forma automática quando alguma ocorrência é identificada no Sistema Interligado Nacional e ocorre para proteger o sistema elétrico de danos maiores”, acrescentou.
Em nota, a Equatorial Energia, uma das empresas com distribuidoras afetadas pela ocorrência, afirmou que, segundo informações preliminares, houve atuação do ERAC, que protege a rede para tentar restringir a perda de carga no sistema. “Em todos os Estados em que há concessão do Grupo (Alagoas, Amapá, Maranhão, Goiás, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul), a normalização já foi iniciada”, disse a Equatorial.
No Rio Grande do Sul, a RGE, que atende a 381 dos municípios gaúchos (65% do estado), confirmou interrupção de energia para 445 mil clientes, cerca de 15% das conexões. A CEEE Equatorial, presente em 72 cidades, confirmou problemas, mas não soube informar a quantidade de clientes afetados e disse que “aguarda autorização do Operador Nacional do Sistema Elétrico para normalizar as cargas afetadas”.
A Copel, empresa que distribui energia no Paraná, confirmou que “dezenas de cidades” foram afetadas, mas acrescenta que o fornecimento “já começou a ser restabelecido e deve ser concluído em breve”. “Por volta das 8h30, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) realizou um corte de carga em diversos estados do Brasil, entre eles o Paraná, em função de um problema na interligação do sistema elétrico entre as regiões Norte – Nordeste e Nordeste – Sudeste. Esse mecanismo de corte de carga é conhecido como Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) e atua preventivamente, quando necessário, para evitar impactos maiores no funcionamento do sistema elétrico nacional”, afirmou a Copel, em nota.
Em Santa Catarina, a Celesc confirma que houve o “apagão”. Por volta das 11 horas, eram 9 mil unidades consumidoras sem energia, de um universo de 3,5 milhões. Em Pernambuco, houve relatos de queda de energia em cidades da região metropolitana do Recife e no interior do estado. A Neoenergia, concessionária responsável pelo fornecimento de energia no estado, disse, em nota, que, “uma ocorrência de grande porte no Sistema Interligado Nacional (SIN) afetou o suprimento de energia em diversos estados brasileiros”.
A Enel, distribuidora de energia nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, afirmou que na manhã desta terça parte dos clientes da sua área de concessão teve o fornecimento de luz interrompido devido ao corte de carga realizado pelo ONS. O serviço, segundo a empresa, é restabelecido de forma gradual. Em Mato Grosso, 343 mil clientes foram afetados em todas as regiões do Estado a partir das 7h30, segundo a Energisa. “Na área de concessão da Energisa Mato Grosso, a única cidade sem fornecimento é Rondolândia neste momento. O restante já está com o atendimento normalizado”, diz a empresa, em nota divulgada por volta das 9h.
Em Minas Gerais, a Cemig confirmou que “houve desligamento determinado pelo ONS”, mas acrescentou que todos os clientes afetados já tiveram seus serviços restabelecidos. A Cemig não deu outros detalhes. Ceará e Paraíba: No Ceará, a queda de energia atingiu Fortaleza e diversas cidades do interior. Na capital cearense, a energia foi retomada às 9h30 em diversos bairros, mas transtornos foram acusados, como semáforos apagados nas ruas. Na Paraíba, a concessionária Energisa disse que o fornecimento de energia foi afetado em 113 cidades e que o restabelecimento aconteceu cerca de 15 minutos após o começo do apagão.
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