A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira esperar a queda da taxa Selic em agosto e que, se ainda fosse senadora, convocaria o presidente do Banco Central a dar explicações caso isso não ocorra. Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica em 13,75% ao ano. Isso despertou uma nova onda de críticas ao chefe do BC, Roberto Campos Neto.
A ata da reunião do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira, porém, mostra que a maioria dos integrantes do Copom avalia que que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas do mercado para o IPCA, pode possibilitar uma queda dos juros no começo de agosto.
A ministra foi questionada sobre se seria o caso de a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado convocar Campos Neto, caso a manutenção da Selic se mantenha em agosto.
— Eu me despindo por dois minutos da minha função de ministra e voltando ao momento em que fui senadora, eu, num caso desse, convocaria o presidente do BC — respondeu Tebet. — Mas não acredito que vai ser necessário.
Tebet falou com jornalistas após o lançamento do Plano Safra no Palácio do Planalto. Ela se queixou da diferença de tom entre o comunicado emitido pelo Copom, mais duro, e a ata da reunião que decidiu pela manutenção dos juros, que sinalizou com mais nitidez a possibilidade de uma queda da Selic.
— A impressão que eu tenho, já não é de agora, é a terceira, é que o comunicado é feito por um órgão e a ata por outro. Porque vem um comunicado “hard” e a ata é “soft”. Não dá para entender. Por que estressar o Brasil, criar atritos desnecessários? — questionou. — A Ata sinaliza, reconhece que o Brasil está no caminho certo, que a política econômica está acertada. Nós não estamos plantando só sementes, a ata mostra que nós estamos plantando segurança jurídica, previsibilidade, garantindo projeção muito clara para o futuro.
Segundo ela, a expectativa do governo é que possa haver uma queda nos juros já na reunião de agosto do Copom, “ainda que modesta”.
— A economia vive de expectativa. Se (queda) for de 0,25 pp ou 0,5 pp, isso já vai ser um sinal para que investidores voltem a olhar para o Brasil. Não só o setor empresarial, mas de serviços possam estar pensando em investimentos a médio prazo — disse Tebet. — Qualquer 0,25 pp (de queda na Selic) vai permitir que nosso setor produtivo possa planilhar seus custos e fazer projeções de investimentos a médio prazo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a sinalização de possível queda da taxa básica de juros em agosto está em linha com as medidas do governo Lula e defendeu que o país está no “caminho certo“. (Foto: Reprodução)