Foi sem querer querendo.
Assim pode ser resumida a análise da resposta de Jair Bolsonaro, em depoimento à Polícia Federal, sobre a publicação de um vídeo em que questionava o sistema eleitoral.
O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento por mais de duas horas à PF (Polícia Federal) na manhã desta quarta-feira (26), em Brasília, no inquérito dos atos extremistas de 8 de janeiro.
Ele chegou à sede da corporação por volta das 8h50min, acompanhado de advogados, e deixou o local em torno das 11h20min.
O depoimento de Bolsonaro no caso foi determinado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na semana passada. Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.
O ex-presidente foi ouvido no inquérito como “instigador”.
No dia 11 de janeiro, ele compartilhou nas redes sociais um vídeo que colocava em dúvida o sistema eleitoral brasileiro.
A PF apura se há ligação entre a publicação e os atos extremistas que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
No depoimento à PF, o ex-presidente disse que queria salvar o vídeo para visualização posterior, mas compartilhou sem querer. Ele não respondeu a outros questionamentos.
Após o depoimento, o advogado Paulo Cunha Bueno disse que, no dia da postagem, o ex-presidente tinha acabado de receber alta após ser internado para tratar uma obstrução intestinal e havia sido medicado com morfina. De acordo com o advogado, Bolsonaro compartilhou o vídeo de forma “equivocada”.
“Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem. Observo, inclusive, que essa postagem foi feita na sua rede social de menor importância”, disse Cunha Bueno.
“Realmente, aquilo ali foi um equívoco na hora de salvar um arquivo para posteriormente poder visualizá-lo e assisti-lo integralmente”, prosseguiu.
A PGR pediu o depoimento de Bolsonaro quando o ex-presidente ainda estava nos Estados Unidos, onde ficou por três meses depois de deixar o governo. Ele retornou ao Brasil em 30 de março.
Bolsonaro já havia comparecido à PF neste mês para prestar depoimento no inquérito sobre as joias que recebeu de presente do governo da Arábia Saudita. (ta-feira (3), em Brasília, como parte do inquérito que investiga uma possível interferência do presidente no órgão. ( Foto: Alan Santos)
