Vice de Trump acusa Europa de atacar liberdade de expressão

Por Henrique Acker. –    O pronunciamento de JD Vance, vice-presidente dos EUA, pegou os líderes europeus de surpresa na Conferência de Segurança de Munique, em 14 de fevereiro. Esperava-se um discurso sobre a aliança histórica entre os EUA e a União Europeia, a necessidade de reforço da OTAN para a segurança da Europa, ou mesmo sobre a unidade dos aliados para conter o avanço Rússia na Ucrânia. Mas o que se ouviu foi bem diferente.

“A ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é qualquer outro ator externo. O que me preocupa é a ameaça que vem de dentro: o recuo da Europa em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais, valores partilhados com os Estados Unidos da América”, afirmou o vice-presidente dos EUA, JD Vance, na abertura da Conferência.

 

“Novo xerife” em Washington

Vance citou três pontos para exemplificar o que definiu como “ataque à liberdade de expressão”: 1) A regulamentação das redes sociais por Bruxelas; 2) Anulação da eleição presidencial na Romênia, em que saiu vitorioso o candidato que defende uma relação mais próxima da Rússia; 3) O medo dos políticos europeus dos seus eleitores, quando não enfrentam a “migração em massa”.

“A crise que acredito que todos enfrentamos juntos é uma crise criada por nós próprios. Se têm medo dos vossos próprios eleitores, não há nada que a América possa fazer por vocês”, afirmou Vance, antes de estabelecer uma ligação entre a crescente insatisfação com a classe política europeia e a migração, que considera demasiado elevada.

JD Vance concluiu assegurando que Donald Trump vai lutar para defender a liberdade de expressão, resumindo a situação em uma frase: “Em Washington, há um novo xerife na cidade”.

 

Repercussão negativa

“Ouvindo esse discurso, parece que (os EUA) estão tentando entrar em conflito conosco e nós não queremos entrar numa luta com os nossos amigos”, disse a chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, durante o evento em Munique, segundo a agência Reuters.

“Não posso deixar de comentar o que disse o vice-presidente americano”, declarou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius. “Se eu entendi bem, ele compara a democracia europeia aos regimes autoritários. Isso é inaceitável. Eu rejeito com força o que ele falou”, bradou.

“A era da aliança transatlântica pós-Guerra Fria terminou”, foi o que concluiu Joseph Fitsanakis, professor de Estudos de Informação e Segurança na Universidade da Carolina Costal, em entrevista ao jornal português Expresso, ao comentar a fala de JD Vance.

O discurso do vice-presidente estadunidense foi considerado inoportuno pela maioria dos líderes políticos presentes. Mas a fala de Vance se soma aos comentários de Donald Trump sobre as taxas cobradas pela União Europeia sobre produtos dos EUA, o financiamento da OTAN e a decisão do governo dos EUA de não convocar a UE para a negociação de paz sobre a guerra da Ucrânia.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

 

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