Henrique Acker (correspondente internacional) – Depois da denúncia de fraude e até a abertura de um site na internet com supostas atas que estariam de posse da oposição de extrema-direita, vai diminuindo o barulho em torno do processo eleitoral venezuelano.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgou no dia 3/8 um boletim correspondente a 96,8% das urnas apuradas, confirmando que Nicolás Maduro é o vencedor. Vários observadores e especialistas em processos eleitorais afirmam que o sistema eleitoral venezuelano é dos mais seguros e sofisticados do mundo.
Ocorre que, segundo o próprio CNE, o sistema teria sido alvo de ataques de hackers no dia da eleição (28/7).
Conclusões opostas
Jorge Rodriguez, Presidente da Assembléia Nacional e coordenador de campanha de Maduro, apresentou uma análise feita por técnicos a respeito das atas disponíveis no site da oposição. Por sua vez, a Associated Press (AP), agência estadunidense de notícias, também fez sua avaliação do mesmo material.
É óbvio que as conclusões acerca do que foi publicado são opostas. Os governantes questionam a falta de assinaturas de mesários e fiscais de partidos nas atas publicadas pela extrema-direita. A própria AP, que reconhece a vitória oposicionista, fez a ressalva de que não conseguiu verificar a autenticidade das folhas de apuração fornecidas pela oposição.
Seja como for, o único órgão que pode autenticar as atas eleitorais de posse dos partidos é o CNE. Por isso, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela solicitou do órgão responsável pela eleição divulgue as atas eleitorais e pediu que todas as atas de posse dos partidos sejam entregues, para a realização de uma conferência.
Até o esclarecimento dos pormenores do processo, não há como afirmar que houve fraude, como alardeia a oposição de extrema-direita desde a noite de 28 de julho, e nem comprovar que Maduro foi o vencedor.
Cabe ao acusador o ônus da prova
Caberá à oposição provar que houve fraude. Do contrário, será mais um capítulo da desmoralização envolvendo a extrema-direita venezuelana. E cada caso teve uma personagem central. Primeiro, ainda com Hugo Chavez em vida, o valentão Leopoldo Lopes e suas turbas. Depois foi a vez de Henrique Capriles, derrotado nas urnas em 2013, que jurou ter provas de fraude e nunca as apresentou.
Mais recentemente foi a vez do autoproclamado Presidente Juan Guaidó, só reconhecido pelos EUA e a União Européia. Agora a dupla Corina Machado e Edmundo Gonzalez, sobre o qual pesa acusação de ter coordenado o assassinato de religiosos em El Salvador, quando era secretário da embaixada da Venezuela naquele país.
Por trás do processo eleitoral venezuelano está a disputa pelo controle das maiores reservas comprovadas de petróleo do Mundo. São 300 bilhões de barris de petróleo bruto, alvo da cobiça das grandes companhias multinacionais. As maiores são companhias estadunidenses (Esso e Chevron) e britânicas (Shell e BP), que exercem forte lobbie sobre o governo dos EUA. (Foto: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
As 10 maiores companhias de Petróleo do mundo