O livro “Agrotóxicos e Colonialismo Químico” foi elaborado pela professora da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Mies Bombardi; segundo vice-procuradora-geral do Trabalho, Maria Aparecida Gurgel, prosperidade não pode ser obtida à custa da saúde dos trabalhadores
O uso crescente de agrotóxicos foi o tema do debate promovido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), na última semana, na sede do órgão, em Brasília. Na ocasião, foi lançado o livro “Agrotóxicos e Colonialismo Químico”, da professora da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Mies Bombardi, que abriu a sua apresentação destacando que “a agricultura não é mais sinônimo de produção de alimentos”, sobretudo no Brasil. A professora e pesquisadora lembrou que a União Europeia já baniu 269 agrotóxicos, enquanto o mundo não chegou a banir 100. No Brasil, a situação é pior, acrescentou Larissa.
“Os dados do Brasil são mais alarmantes porque, enquanto o mundo registrou um crescimento de 30% na venda de agrotóxicos nos últimos dez anos, no Brasil a expansão foi de 78% no mesmo período”, afirmou a professora Larissa Mies, que desde 2021, vive em autoexílio na Bélgica, quando passou a receber ameaças pelos estudos que desenvolve.
Outros especialistas chamaram a atenção ainda para a contaminação dos trabalhadores que atuam na produção de alimentos e também da água. “Temos vastos recursos naturais e uma agricultura pujante, que desempenha um papel vital na nossa economia. No entanto, essa prosperidade não deve e não pode ser obtida às custas da saúde de nossos trabalhadores e trabalhadoras rurais, que são a força vital para esses resultados abundantes”, afirmou a vice-procuradora-geral do Trabalho, Maria Aparecida Gurgel.
Já o subprocurador-geral do Trabalho Pedro Luiz Serafim da Silva, coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, observou que o trabalhador participa de todos os processos envolvidos na cadeia produtiva. Isso inclui fabricação, transporte, aplicação e consumo. “É uma questão muito séria e que está provocando uma enorme contaminação, inclusive da água. E todos nós bebemos água, água contaminada com agrotóxico.”
Por sua vez, a procuradora do Trabalho Cirlene Zimmermann, à frente da Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Codemat) do MPT, lembrou que o tema está ligado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que integram a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Ela citou os ODSs 3, sobre “Saúde e bem-estar”, e 8, “Trabalho Decente e Crescimento Econômico”.
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