União Europeia cada vez mais subordinada aos EUA

 

Henrique Acker (correspondente internacional)   –  Nunca se viu um alinhamento econômico, político e militar entre a União Europeia e os Estados Unidos da América tão evidente como agora, nem mesmo depois da II Guerra, quando os EUA financiaram em grande parte a recuperação da Europa.

A opção do grande capital europeu – pela financeirização da economia – segue a mesma lógica do grande capital estadunidense, subordinando países e povos a taxas de juros altos, priorizando os grandes bancos e os acionistas do capital especulativo.

Essa política, que prioriza os interesses do capital financeiro, é definida pela Casa Branca, por Bruxelas (sede da UE), pelo Banco Central Europeu e o FED (Banco Central dos EUA). O suporte militar é dado pela OTAN, beneficiando a indústria de armas, dominada por fabricantes dos EUA (42%) e da UE (12,6%).

 

Protecionismo do “livre mercado”

Não é mera coincidência que o FED e o Banco Central Europeu mantenham as mais elevadas taxas de juros bancários da história dos EUA (5,5%) e da UE (4,5%) há cerca de um ano. A alegação é o velho e surrado argumento do combate à inflação.

Também não é por acaso que o principal alvo de disputas comerciais, criação de barreiras e taxas alfandegárias tanto dos EUA quanto da UE, seja a China. As recentes taxas de importação de carros elétricos chineses impostas pela UE (entre 17% e 37%) são um marco nessas restrições.

O prenúncio do protecionismo foi a campanha dos EUA contra a Huawei, maior produtora chinesa de aparelhos celulares, iniciada em janeiro de 2019. O objetivo é evitar que as companhias norte-americanas adquiram a tecnologia chinesa.

A Huawei e a ZTE também já foram comunicadas que não poderão operar seus aparelhos e vender componentes para tecnologia 5G na União Europeia, sob a alegação de evitar sabotagem e espionagem.

 

 

Cruzada contra concorrentes

O boicote econômico à Rússia tornou-se outra prioridade da política externa da UE. Até hoje as investigações sobre a explosão dos gasodutos Nord Stream I e II (2022), que ligavam campos de produção de gás da Rússia a Alemanha, são mantidas em sigilo. A partir dali, os EUA passaram a ser os maiores fornecedores de petróleo para a UE.

As palavras de Joe Biden, em entrevista concedida em fevereiro de 2022, foram claras. Perguntado se a construção do Nord Stream 2 seguiria em frente, no caso de uma invasão russa da Ucrânia, o Presidente dos EUA disse aos jornalistas: “simplesmente não vai acontecer”.

Desde o início da guerra da Ucrânia a compra e produção de armas – definida a partir da OTAN – tornou-se prioridade da UE, que adquire 68% das armas e munições em fábricas estadunidenses. A mesma OTAN definiu que os países-membros da Organização devem comprometer o mínimo de 2% de seus orçamentos para a área da Defesa.

O conflito da Ucrânia foi apenas uma justificativa para este alinhamento, unindo as grandes potências do Ocidente numa espécie de “cruzada” contra a China e seus aliados. Por trás disso está a guerra pela hegemonia econômica, política e militar do Planeta.

 

Rival sistêmico

Na Conferência de cúpula entre China e União Europeia, ocorrida em dezembro de 2023 em Pequim, a senhora Van Der Leyen e o senhor Charles Michel, representantes máximos da UE, foram porta-vozes da arrogância ocidental.

Apesar de alegarem a busca de um equilíbrio da balança comercial com a China (francamente favorável ao país asiático), os dois se basearam nas resoluções do Conselho Europeu, adotadas em junho de 2023, em relação à China, país considerado, simultaneamente, “um parceiro, um concorrente e um rival sistêmico” da UE.

Nos últimos 25 anos a China cresceu cerca de 6% em média ao ano. Atualmente (2024) o PIB chinês equivale a 17,7 trilhões de dólares, o que faz da China a segunda maior economia do Mundo.

O setor manufatureiro chinês ocupou a primeira posição global por 14 anos consecutivos, representando 30% do valor agregado a nível global, o equivalente à soma de todos os países do G7. A quantidade de empresas de alta tecnologia aumentou nos últimos anos para cerca de 400.000.

Já em 2015 a China era líder de produção em diversos setores, dos quais dez se destacavam: navios (45%), carvão (48%), suínos (50%), cimento (60%), calçados (63%), celulares (70%), painéis solares (80%), lâmpadas (80%), condicionadores de ar (80%), computadores (90%). (Foto: Francisco Seco)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

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Fontes:

DW

Poder Aéreo

VOA Português

BOL

CNN Brasil

Exame

Portuguese People

 

 

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