UE promete 45 bilhões de euros em investimentos na América Latina e Caribe

Henrique Acker (Correspondente internacional) – Depois de oito anos e de um esboço de acordo comercial que se arrastou por 20 anos sem conclusão, finalmente os países da América Latina e Caribe e da União Europeia voltaram a se reunir, desta vez em Bruxelas, na Bélgica, nos dias 17 e 18 de julho.

De concreto a promessa de investimentos da ordem de 45 bilhões de euros da União Europeia em negócios na América Latina e Caribe, especialmente nos setores digital e de transição energética. Apesar das diferenças políticas sobre a guerra na Ucrânia, foi possível fechar um documento entre as duas partes (sem apoio da Nicarágua).

“Reforçar a nossa parceria com essa região é um imperativo estratégico”, definiu Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia. A iniciativa tem como pano de fundo aprofundar os laços comerciais e econômicos entre Europa e a América Latina e Caribe, visando o  aprovisionamento das duas regiões, com o objetivo de diminuir a dependência da China.

 

Paz na Ucrânia e guerra à fome

Mais uma vez, o presidente brasileiro teve papel destacado num evento internacional. Em seu discurso, Lula condenou o atual sistema de governança mundial (Conselho de Segurança da ONU e G20), que considera obsoleto, destacando a ausência de uma política de combate à fome, que atinge 735 milhões de pessoas.

“Apenas em 2022, em vez de matar a fome de milhões de seres humanos, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares para alimentar a máquina de guerra, que só causa mortes, destruição e ainda mais fome”, alertou Lula.

O presidente do Brasil insistiu na necessidade da busca pela paz na Ucrânia, mirando no Conselho de Segurança da ONU. “Seus próprios membros não respeitam a Carta da ONU”. Mas acrescentou: “Repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas.”

Manifestamos a nossa profunda preocupação com a guerra em curso contra a Ucrânia, que continua a causar imenso sofrimento humano e está a agravar as fragilidades existentes na economia mundial, restringindo o crescimento, aumentando a inflação, perturbando as cadeias de abastecimento, aumentando a insegurança energética e alimentar e elevando os riscos para a estabilidade financeira”, diz o texto final do encontro.

 

Barreiras protecionistas dificultam acordo

Lula reiterou que uma relação comercial “justa, sustentável e inclusiva” com a União Europeia é fundamental para o Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Para os líderes sul americanos há pressões protecionistas por parte de alguns países da UE que dificultam o avanço do acordo.

Os dois blocos continuam sem avançar no entendimento sobre elementos adicionais que decidiram renegociar no texto assinado em 2019. As sanções propostas pela UE, caso haja quebra dos compromissos de controle no desmatamento na região, são consideradas inaceitáveis.

Ainda assim, a atual presidência espanhola da União Europeia espera que o encontro de Bruxelas seja um ponto de partida para a conclusão do acordo UE-Mercosul, que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial. Do encontro saiu ainda o compromisso de que os dois blocos se reúnam com mais regularidade, de dois em dois anos, estando a próxima reunião prevista para a Colômbia, em 2025. (Foto: Reuters)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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