Tuvalu será o primeiro país a desaparecer pelo aquecimento global e anuncia migração para Metaverso

“Nós não temos escolha a não ser nos tornarmos a primeira nação digital do mundo”, afirmou o primeiro ministro

 

Tuvalu deve ser um dos primeiros países a desaparecer abaixo do nível do mar. Com ilhas submersas abaixo do nível do mar, o arquipélago tem sofrido diretamente com as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. No entanto, seu primeiro ministro garante que, mesmo depois de submerso, o arquipélago continuará sendo um país soberano. A solução encontrada para preservar sua cultura e história é inusitada: criar um clone na internet de Tuvalu.

Atualmente Tuvalu tem uma população de cerca de onze mil pessoas, é formado por nove ilhas totalizando 560km de extensão. Sua bandeira é azul clara com onze estrelas amarelas que representam cada uma de ilhas que compunham o arquipélago e, mesmo tendo duas ilhas já submersas, as estrelas permanecem na bandeira. O país tem estado na vanguarda de grandes apelos à ação, desde a criação de um imposto global sobre os combustíveis fósseis até a ativação de um fundo de “danos” para compensações climáticas.

Agora, Tuvalu apresenta também para o futuro um projeto que consiste em transferir para a internet todo o acervo cultural do país, para que possa ser acessado posteriormente por todos que quiserem conhecer um pouco mais do lugar. Além disso, eles anunciaram que irão construir o país no metaverso, para que a população refugiada possa visitar o país quando quiser e, assim, preservar sua história. “Nós não temos escolha a não ser nos tornarmos a primeira nação digital do mundo”, afirmou o primeiro ministro da Justiça, Comunicação e Relações Exteriores, Simon Kofe.

Uma das frentes do projeto é o desenvolvimento da digitalização do país, com o objetivo de criar uma nação virtual, uma espécie de clone na internet. O processo de transferência de dados dos serviços governamentais e administrativos para a nuvem está em andamento, por exemplo. Assim, seria possível realizar eleições e dar continuidade às atividades públicas.

Em 2022, Simon Kofe discursou na COP27 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) em frente a uma projeção virtual de Te Afualiku, a primeira ilha de Tuvalu a ser recriada em meio digital, através de imagens de satélite, fotografias e imagens de drones. “Se tivermos um governo deslocado ou uma população dispersa por todo o mundo, teríamos uma estrutura em vigor para garantir que continuamos a nos coordenar, a prestar os nossos serviços, a gerir os nossos recursos naturais nas nossas águas e todos os nossos ativos soberanos”, afirma Kofe. “Temos uma ligação tão forte com a nossa terra e os nossos oceanos, os nossos antepassados estão enterrados aqui, por isso também temos essa ligação espiritual. Queremos ser capazes de capturar nossa cultura como ela é hoje”, acrescentou.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), metade da área da capital, Funafuti, estará inundada em algumas décadas. A previsão para 2100 é a inundação de 95% do território do arquipélago, condição que deixaria Tuvalu inabitável em menos de oito décadas.

O Relatório Mundial sobre Deslocamento Interno 2023, por sua vez, indicou que as catástrofes naturais causaram aproximadamente 32,6 milhões de deslocamentos entre países em 2022. Cerca de 98% dessas migrações ocorreram devido ao clima, que abrange enchentes, tempestades, seca, incêndios florestais, deslizamento de terra e temperaturas extremas.

(Foto: Getty Images/iStockphoto/Ministério da Justiça de Tuvalu)

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