De acordo com o infectologista Daniel Becker , os próximos meses prometem.
“Teremos um tsunami de doenças infecciosas em crianças. Além da dengue, que deve atingir seu pico em meados de março ou abril, teremos também a Covid, que está em alta circulação no momento, e as outras infecções respiratórias em crianças, como as gripes e bronquiolites, que devem começar sua época de pico em breve, devido ao retorno às aulas e início do outono. Temos ainda as gastroenterites, cuja sazonalidade deve estar terminando, mas que seguem acometendo muitas crianças”, revela em entrevista a GloboNews.
Segundo o infectologista, “é importante estar alerta para os sinais específicos de cada uma delas. No momento, é mais importante conhecer as características da dengue. A doença se inicia geralmente com febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor abdominal e bastante prostração, cansaço, além de falta de apetite, náuseas e vômitos. Após três ou quatro dias, costuma surgir um exantema, isto é, uma erupção de manchinhas vermelhas por todo o corpo, que às vezes coça ou arde um pouco. A partir daí é que começa a fase mais que exige mais atenção, pois é quando surgem as complicações da dengue grave”.
Diz o especialista que os sinais de alerta são: dor abdominal persistente e intensa, vômitos constantes, prostração, irritabilidade ou sonolência e cansaço extremo. A criança não consegue comer, só quer ficar deitada. E podem surgir também sinais de sangramento, como por exemplo na gengiva, aos escovar os dentes, ou no nariz. Podem aparecer também petéquias, pequenos pontinhos avermelhados que quando se estica a pele, não desaparecem. Esses são sinais de gravidade e que indicam que a criança deve ser levada rapidamente para o atendimento médico.
“Na gastroenterite, os sintomas que predominam são os digestivos. Ela começa com febre e vômitos e logo em seguida evolui com diarreia a partir do segundo ou terceiro dia. Escrevi há pouco uma coluna sobre o tema, vale dar uma olhada”, explica.
Relação de remédios
Em ambas as condições, orienta, “o mais importante é hidratar. Na dengue devemos oferecer constantemente líquidos para a criança. Não se pode esperar que a criança peça água, é importante o adulto oferecer. Água, soro caseiro e água de coco são os melhores hidratantes. Não se deve oferecer bebidas esportivas ou refrigerantes. O soro caseiro é indispensável, pois contém sódio. A água de coco contém muito potássio, que também é importante, mas pouco sódio. Uma sopa de legumes ou um canja, com sal, também ajudam”, revela.
Outra questão importante levantada pelo especialista, é deixar a criança descansar, não exigir atividades que demandem esforço e, claro, não ir à escola.
Em relação aos remédios para dor e febre, ele diz para se evitar “ os do tipo anti-inflamatórios, como o cetoprofeno ou ibuprofeno. Use paracetamol ou dipirona”, afirma.
Finalizando, Daniel Becker pede para que os pais fiquem atentos aos sinais de alerta para levar a criança ao médico sempre que necessário. O mesmo se aplica aos adultos também.
“Por outro lado”, diz, “se uma pessoa está no primeiro ou segundo dia de doença sem sintomas graves, com aquele cansaço de virose, uma dor de cabeça leve e febre controlada com antitérmicos, não tem sentido levar a emergência. O médico só poderá definir o diagnóstico com um pouco mais de tempo e os principais exames só ficam positivos a partir do 3º, 4º dia de doença. Cuide em casa e leve se a situação se agravar. É preciso evitar a sobrecarga das unidades de saúde e deixar o fluxo livre para os casos mais graves.”, finaliza. (Foto: Reprodução)