Trump quer expulsar palestinos de Gaza com o apoio de Netanyahu

Por Henrique Acker –   Donald Trump confirmou o projeto de limpeza étnica do povo palestino, em entrevista coletiva na Casa Branca, ao lado de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, ao afirmar que “os palestinos não têm alternativa a não ser deixar Gaza”.

Para o presidente dos EUA, “há décadas que é tudo morte” no território.  Trump disse que “não se pode viver em Gaza neste momento” e as pessoas devem ir para locais “onde possam ser felizes”.

De acordo com Trump, Gaza hoje é uma “zona de demolição”. Era nítido o constrangimento de Netanyahu enquanto Trump falava do que restou do território palestino.

Questionado sobre o futuro das negociações de paz no Oriente Médio, Trump  afirmou que “todos pedem uma coisa, e sabem o que é, paz”. Trump reconheceu as dificuldades de encarar o problema, “mas temos o homem certo”. Encarando Netanyahu, disparou cinicamente: “Ele também quer a paz”.

 

Rejeição de inimigos e aliados

“Rejeitamos as declarações de (Donald) Trump, que disse que os habitantes da Faixa de Gaza não têm outra escolha a não ser sair. Consideramos uma receita para criar caos e tensão na região”, reagiu Sami Abu Zuhri, um alto dirigente do Hamas, citado pela Agência de Notícias Reuters.

“Gaza não é uma terra comum para qualquer parte decidir controlar, mas sim parte da nossa terra palestina ocupada, e qualquer solução deve ser baseada no fim da ocupação e na obtenção dos direitos do povo palestiniano, e não na mentalidade de um corretor imobiliário”, disse ainda Al-Rishq, porta-voz do Hamas citado pelas agências de notícias.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, criticou os planos de Trump para Gaza. “Não permitiremos que os direitos do nosso povo, pelos quais lutamos por décadas e fizemos grandes sacrifícios para conquistar, sejam violados”.

Já o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi e o rei da Jordânia Abdullah II, aliados do governo dos EUA no Oriente Médio, enfatizaram na terça-feira (4 de fevereiro) a importância do acordo de cessar-fogo e de acelerar os esforços de reconstrução de Gaza.

O porta-voz da Presidência egípcia, embaixador Mohamed El-Shennawy, ressaltou que os líderes dos dois países reiteraram a necessidade de alcançar uma paz duradoura na região, com base na solução de dois Estados e o estabelecimento de um Estado palestino independente.

Para os governantes árabes o Estado palestino seria fundado com base nas fronteiras de 4 de junho de 1967 e teria Jerusalém Oriental como sua capital. Essa seria, segundo a declaração conjunta, a única garantia para alcançar a paz e a estabilidade no Oriente Médio,

 

Interesses econômicos 

Por trás do discurso aparentemente humanitário de Trump para com os palestinos e de combate ao terrorismo, por parte de Netanyahu, há planos para todos os gostos e interesses para a Faixa de Gaza.

Grupos ultraortodoxos judeus querem implantar seis colônias no Norte de Gaza. Já houve 21 assentamentos judaicos no território, mas eles foram desmanteladas em 2005, para cumprir acordos de paz com os palestinos.

Já Donald Trump prometeu que, sob a administração dos EUA, será possível  transformar o local “em um lugar internacional e inacreditável”, admitindo que “muitas pessoas viverão lá”.  Os EUA assumirão o controlo da Faixa de Gaza para ”desenvolvê-la, criar milhares e milhares de empregos, e será algo de que todo o Médio Oriente se poderá orgulhar”.

Mas os planos de Trump e Netanyahu vão muito além de motivos políticos, ideológicos e de caridade com os palestinos. Em 2010, foi descoberto o grande campo de gás natural Leviatã, no Mar Mediterrâneo, na costa de Israel e Gaza. Desde 2015 há um acordo para a exploração, que passou às mãos da Chevron, companhia petrolífera estadunidense.

Segundo cálculos de especialistas, este novo campo contém uma média aproximada de 1,7 bilhões de barris de petróleo passíveis de extração e uma média de 122 de milhões de pés cúbicos de gás recuperáveis. Isso transforma o empreendimento estratégico.

 

Pressão sobre o Irã

Um tanto desconcertado frente aos repórteres, Netanyahu reafirmou que só pretende a paz se alcançar seus três objetivos: libertar os reféns, destruir as capacidades militares e governamentais do Hamas e garantir que Gaza não será uma ameaça para Israel.

A entrevista coletiva dos dois ocorreu horas depois do Hamas comunicar que a segunda fase de negociações já está em andamento. Israel deverá enviar uma delegação ao Qatar no próximo fim-de-semana para participar nos contactos, acrescentou um porta-voz do Hamas.

Para a Administração Trump, o encontro com Netanyahu também foi o momento propício para assinar um memorando presidencial com o retorno da política de “pressão econômica máxima” dos EUA sobre o Irã, incluindo sanções econômicas e outros mecanismo.

O objetivo seria evitar que o regime iraniano consiga enriquecer urânio a níveis capazes de produzir uma bomba nuclear.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

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