A administração de Donald Trump foi a única global a se opor a uma resolução da ONU que tinha como objetivo promover uma década de iniciativas para enfrentar a desnutrição. A iniciativa foi proposta pelo Brasil em parceria com a França.
A proposta foi aprovada com a anuência de 158 nações, havendo apenas um voto contrário, o dos Estados Unidos. Não houve abstenções. A oposição do governo Trump se justifica pela recusa da administração em aceitar qualquer proposta que esteja relacionada aos objetivos de desenvolvimento da ONU, cuja meta é até 2030.
Ao divulgar o projeto, o governo do Brasil comunicou aos outros países da ONU que “é preocupante que um terço da população global enfrente a desnutrição, enquanto o desperdício de alimentos chega a cifras alarmantes“.
“Além disso, todos nós deveríamos nos sentir envergonhados pela ampla prevalência da desnutrição, que faz com que inúmeras pessoas enfrentem a tríplice carga de subnutrição, falta de micronutrientes e excesso de peso ou obesidade”, afirmou o Brasil.
“Esses acontecimentos servem como um apelo para a reflexão, conforme destacou o presidente Lula. Eles nos recordam que a eliminação da fome, a proteção contra a desnutrição e a garantia da segurança alimentar não são – e não devem ser vistos – como meros gestos de solidariedade, mas sim como questões de justiça”, afirmou a delegação do Brasil.
“Estas são as bases da dignidade, da paz e do autêntico progresso, que só podem ser atingidos através de um multilateralismo funcional, como o presidente Macron destacou nesta Assembleia no mês de setembro anterior“, disse ele.
A iniciativa prolonga a Década de Ação sobre Nutrição até 2030, integrando-a à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. “Isso reforça o apoio político em diversas esferas e promove uma colaboração abrangente para eliminar todas as formas de desnutrição até 2030″, disse o governo do Brasil.
“Essa decisão também demonstra a força e as vantagens do multilateralismo. É evidente que a fome e a desnutrição não têm limites geográficos. Além das iniciativas locais e nacionais que são fundamentais, nossa cooperação conjunta é crucial para lidar com esses problemas“, afirmou o Brasil.
“A decisão que tomaremos hoje vai além de simplesmente prolongar um prazo. Trata-se de um novo compromisso em trabalhar coletivamente contra um problema global. Também é um reconhecimento de que a desnutrição está intimamente relacionada à proteção social, à educação, à saúde, ao acesso à água e ao saneamento.“.
Ao final, o governo do Brasil destacou que “as crianças não conseguem aprender enquanto estiverem com fome”. “Uma comunidade não consegue avançar se seus integrantes estiverem desnutridos. Um mundo que fecha os olhos para essas verdades continuará aprisionado em ciclos de incerteza, desigualdade e desespero”, acrescentou. (Foto: Reprodução)
(*) Com informação do jornalista Jamil Chade, do portal UOL.