Henrique Acker (correspondente internacional) – Aguarda-se para os próximos dias uma retaliação militar contra o Estado de Israel, por parte do Irã, Hamas e Hezbollah, em resposta aos assassinatos de Ismail Haniyeh e Fuad Shukr, líderes dos dois grupos jihadistas.
Analistas internacionais alertam para a generalização do conflito no Oriente Médio, caso o governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu resolva responder a esse ataque.
Está marcada para quinta-feira, 15/8, nova rodada de negociações para buscar uma solução que ponha fim ao cerco e bombardeio de Gaza por Israel. O Hamas já sinalizou que não deve comparecer e que a base de um acordo seria o chamado “Plano Biden”, anunciado pelo Presidente dos EUA há alguns meses.
Pela proposta da Casa Branca, haveria um acordo em três fases: 1) Cessar-fogo e troca de prisioneiros; 2) Retirada das tropas de Israel de Gaza; 3) Reconstrução de Gaza.
Estimativas conservadoras de mortos e feridos em Gaza
Apesar das iniciativas diplomáticas dos EUA e da União Europeia, o governo Biden e a UE continuam abastecendo Israel de armas e munições. Embarcações de guerra estadunidenses tomaram posição de alerta máximo no Mar Mediterrâneo.
Enquanto a solução diplomática não vem, Israel continua castigando a população de Gaza com bombardeios diários de grandes proporções. Pelas contas das autoridades de saúde, já são 39. 897 mortos, dos quais 16. 251 crianças e adolescentes, além de 91. 152 feridos.
Entre os mortos estão 500 trabalhadores da área da saúde, 205 servidores da Agência da ONU para atendimento aos refugiados palestinos (UNRWA) e 120 profissionais de imprensa.
Mas esses números podem ser bem maiores. É o que diz um estudo da revista The Lancet de 9 de agosto de 2024. “Aplicando uma estimativa conservadora de quatro mortes indiretas por uma morte direta para as 37 396 mortes relatadas (até junho 2024), não é implausível estimar que até 186 000 ou até mais mortes poderiam ser atribuídas ao conflito atual em Gaza. ” Isso corresponde a 7, 9% da população do território palestino.
Nas últimas duas semanas quatro escolas da ONU foram bombardeadas. Praticamente toda a rede de hospitais de Gaza foi destruída pelas tropas de Israel em dez meses do conflito, o que contraria normas de guerra das Nações Unidas.
Regime de apartheid
A B’Tselem, organização de direitos humanos em Israel, publicou no início deste mês relatório de 118 páginas, com vídeos, intitulado: “Bem-vindos ao inferno – o sistema prisional israelita como uma rede de campos de tortura. ”
São relatos de 55 testemunhos que descrevem em detalhes a prática de tortura com requintes de crueldade, sofridos por palestinos nas prisões israelenses. Entre as práticas está a violação de prisioneiros.
De acordo com o relatório, são 60 palestinos mortos nas masmorras de Israel desde 7 de outubro de 2023, muito mais do que se tem notícia na prisão de Guantánamo, que o governo dos EUA usou para prender e torturar acusados do atentado de 11 de setembro de 2003.
Segundo as organizações de direitos humanos palestinas, cerca de 9 mil palestinos continuam como “prisioneiros de segurança” em Israel. A B´Tselem pede ao Tribunal Penal Internacional “para reconhecer o regime israelita que opera esse sistema como um regime de apartheid que tem de acabar. ”
Imagens de reprodução: a primeira é de transporte de prisioneiros palestinos. A segunda são destroços da escola bombardeada recentemente por Israel.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
Diversas notícias sobre os dados mais recentes da destruição causada de Gaza AQUI AQUI AQUI AQUI
Relatório da B´Tselem sobre tortura nas cadeias de Israel
Matéria (Portugal) sobre o relatório de torturas nas cadeias de Israel e AQUI